Audiência limitada a 5 pessoas. Uso de máscara obrigatório. ME, The Total Show Uma exposição do colectivo britânico Common Culture (www.commonculture.co.uk) Curadoria: Vera Carmo Em "ME, The Total Show" encontramos o espaço da Rampa contaminado com elementos associados aos universos do entretenimento e do espetáculo, que, competindo avidamente entre si, desassossegam o menos sensível dos visitantes. Num monitor, logo no início do percurso expositivo, um mediático vlogger norte-americano saúda-nos compulsivamente. Ao mesmo tempo, várias luzes estroboscópicas coloridas reagem ao som de baladas electrónicas estranhamente melancólicas. Ao fundo, não se avista vivalma no posto do DJ, denunciando-se toda a automatização do sistema. A pista de dança está deserta mas o espetáculo continua. A estimulação excessiva dos sentidos engendrada pelos Common Culture nesta exposição constitui-se como comentário crítico à mais recente fase do capitalismo, a economia da atenção, bem como às suas manifestações mais evidentes na sociedade contemporânea. Na instalação coabitam várias ribaltas - o palco, o ecrã, a pista - nas quais os atores operam no vazio, não apenas desprovidos da audiência que lhes conferiria o sentido mas, acima de tudo, emancipados dela. O estatuto da celebridade, até há poucas décadas dependente de uma complexa indústria de entretenimento, é aqui analisado como condição normalizada no quotidiano, uma armadilha narcísica potenciada pela tecnologia digital em rede. Cumprindo as profecias de Warhol e Debord, todos nos tornamos vedetas, mas não apenas por 15 minutos, nem através de um papel a desempenhar, simplesmente pela representação espetacular de nós próprios frente a qualquer dispositivo. Common Culture é um coletivo de artistas britânico fundado em 1996 e composto, atualmente por David Campbell, Mark Durden e Ian Brown. A sua obra tem vindo a explorar criticamente as relações cultura/classe social e arte/entretenimento, desafiando o modelo modernista de separação entre cultura popular e cultura de elite. Expõem com regularidade no Reino Unido e internacionalmente, com mostras individuais em Atenas, Belfast, Berlim, Birmingham, Derry, Lisboa, Londres, Manchester, Miami, Nova Iorque e Porto. Das exposições coletivas destacam-se Radical Ventriloquism: Acts of Speaking for & Speaking Through (Kelder Projects, Londres, Reino Unido, 2020); The Laughable Enigma of Ordinary Life (Arquipélago Centro de Arte Contemporânea, Açores, Portugal, 2017); Double Act: Art & Comedy ( The MAC, Belfast, Irlanda, 2016); Manifesta 8 (Murcia, Espanha, 2010); Shopping: A Century of Art and Consumer Culture (Tate Liverpool, Reino Unido, 2002). As mostras individuais incluem OMG I Love Common Culture !!!! (Die Raum, Berlim, Alemanha, 2020); Common Culture Cabaret (MAC Birmingham, Reino Unido, 2016); Not Necessarily in The Right Order (New Art Exchange, Nottingham, Reino Unido, 2013). Agradecimentos: Centro de Arte Oliva, ESMAD, Oficina Mescla, Sismógrafo.