A pintura de Rui Macedo tende para a invisibilidade, refere João Pinharanda, curador da exposição Lacunas, Fissuras e outros Fingimentos, já que, entre o que é o real exterior e o que é a pintura, tende a introduzir não uma lente de aproximação, não um filtro de interpretação, não um espelho de reflexão, mas uma fina película que reinterpreta o inframince duchampiano, assim operando um jogo no qual, por um lado, a pintura amplia a volumetria do real, de modo a poder substituí-lo e, por outro lado, o real, entrando em contacto com a pintura, reduz a sua espessura e densidade, de modo a poder confundir-se com ela.
João Pinharanda salienta que a pintura de Rui Macedo diz-nos mais dos fenómenos e especulações teóricas em torno da mimésis, do modelo, da cópia, do mito modernista da originalidade ou da prática pós-moderna da citação, do pastiche e da colagem que muitos tratados de estética. “Lacunas, Fissuras e outros Fingimentos” corresponde a uma operação de substituição ou de transferência, apresentando-se a pintura como o real e sendo reconhecida como tal, porém colocando em perigoso desequilíbrio o significado e o sentido do que, de facto, é do real e o que é da arte.
Fonte: https://agendalx.pt/events/event/rui-macedo-2/