Ana Moraes, Lúcia Fernandes, Maria Máximo, Maryam Baydoun, Matheus Novaes e Olavo Costa são os seis finalistas da segunda edição do prémio de pintura Alunos da FBAUL na Ermida, resultante do protocolo estabelecido entre o Projecto Travessa da Ermida e a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL) em 2020.
As pinturas de Ana Moraes sugerem cartografias da tangibilidade de espaços, segundo adjacências de fragmentos ecoando uma decomposição espectral da realidade reduzida ao ritmo e equilíbrio de assimetrias ortogonais, documentando memórias e vestígios desvanecidos em manchas de padrões turvos, cores esmorecidas e texturas erodidas.
A violência de Lúcia Fernandes sobre o suporte em tecido, imposta pela acumulação de matéria e a destruição pelo fogo, explora a pintura além da superfície, intensificando uma composição de traços ferozes e manchas opressivas, na qual, aprisionado num fundo ambiental de trevas e fantasmas, um corpo resta, entre agonia, apelo ou esvaziamento.
Na apropriação instintiva de materiais e objetos banais, Maria Máximo adota princípios da estranheza, da inversão dissociativa, da ausência de nexo, do acidente, enquanto descodificação experimental da experiência sensorial e do arquivo pessoal, na hibridização entre pintura e escultura, como tentativa, ou metodologia, de entendimento do seu mundo.
Em óleo sobre tela, Maryam Baydoun encena dramaturgias líricas com intensa carga emocional como estratégia catártica da experiência pessoal, compostas por uma figuração expressiva e performativa, na qual o simbolismo dos gestos das personagens, destacadas do fundo ambiental, intensifica a sugestão de vulnerabilidade e fuga, de proteção e segurança.
Em óleo sobre tela, a escassez de elementos das composições abstratas de Matheus Novaes revela a subtil ausência de monocromatismo e a suave atenuação de contorno, a presença de estratos de gestos quase ocultos, que codificam subjetividades do seu modo de viver, afinal em muito distantes do aparente essencialismo formal e cromático.
Sobre cartolina, em carvão, pastel seco e tinta acrílica, Olavo Costa adota o nu feminino, em languidez ou sedução perante um espetador ausente da composição ou o observador transportado para o interior da cena, e, com uma gestualidade informal, manipula o olhar, tornando incógnita a identidade do modelo para destacar a temática do desejo.
Fonte: https://agendalx.pt/events/event/alunos-da-fbaul-na-ermida-2/