“Finito” Exposição de Renato Ferrão Abertura: Sábado 23 Abril / 17:00 - 20:00 Patente até 28 Maio 2022 . Exhibition by Renato Ferrão Opening: Saturday 23 April / 17:00 - 20:00 On display until 28 April 2022
"Aqui no telemóvel é difícil de perceber, mas o que estás a ver é uma imagem do Tom no preciso momento em que perdeu a cabeça, dizia-me o Renato enquanto bebíamos um príncipe na esplanada do Embaixador, ao fim da tarde do dia 22 de Março. Chovia. Muito. E sempre que o Renato afastava os dedos sobre o ecrã em mais um movimento de ampliação, as gotículas de água criavam um rasto de deformação, como pequenas lentes irisadas a retalhar o que restava do pobre Tom. Não tenho certeza de o ter dito ao Renato, mas naquele momento lembrei-me do Pedro Miguel Frade e do Espinosa. Do segundo, vinha-me à memória o facto de ter sustentado a sua espantosa contribuição filosófica para o mundo com a magra retribuição que lhe advinha de um day job como polidor de lentes. Do primeiro, vinham-me fragmentos deslaçados do livro Figuras do Espanto, entre os quais figuravam a desconfiança generalizada da Idade Média para com a (nova) tecnologia das lentes (algo como, se Deus quisesse que víssemos melhor, ter-nos-ia dado olhos mais poderosos!), a sua sedimentação no período do Renascimento, a sua contribuição para a descoberta do infinitamente pequeno e do infinitamente grande (micro- e telescopia), o seu papel na invenção da fotografia…" [Bruno Marchand]
Renato Ferrão (V. N. Famalicão, 1975) é artista visual. Trabalha e reside atualmente no Porto. Expõe regularmente desde 2001 e em diversas ocasiões realizou obras em colaboração com Nuno Ramalho. Entre as suas exposições destacam-se: Senhor fantasma, vamos falar – Emissores reunidos, Fundação de Serralves; Peças de substituição, Espaço Chiado 8; Cascatas e desabamentos, Sismógrafo; Retrato em casa de espanto, Centro de Arte Contemporânea Graça Morais; Estudo das passagens, Ano 0 / Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. Em 2003, foi membro fundador do espaço Salão Olímpico e, em 2011, foi-lhe atribuído o prémio de artes plásticas União Latina. Na sua obra mais recente, tem vindo a apresentar instalações onde a luz e o movimento assumem um papel preponderante.
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"Here on the mobile, it's hard to figure out, but what you are seeing is a picture of Tom at the precise moment he lost his mind, Renato was telling me while we were drinking a beer at the Embaixador's esplanade, late in the afternoon of March 22. It was raining. A lot. And every time Renato spread his fingers over the screen in one more magnifying movement, the water droplets created a deformation trace, like little iridescent lenses shredding what was left of poor Tom. I'm not sure I said it to Renato, but at that moment I remembered Pedro Miguel Frade and Espinosa. The second one reminded me of the fact that he supported his amazing philosophical contribution to the world with the meager retribution that came from a day job as a lens polisher. The first one made me think of fragments of the book Figuras de Espanto (Figures of Astonishment), among which were the widespread mistrust of the Middle Ages towards the (new) lens technology (something like if God wanted us to see better, he would have given us more powerful eyes!), its sedimentation in the Renaissance period, its contribution to the discovery of the infinitely small and the infinitely large (micro- and telescope), its role in the invention of photography..." [Bruno Marchand]
Renato Ferrão (V. N. Famalicão, Portugal, 1975) is a visual artist. He currently lives and works in Porto. He exhibits regularly since 2001 and on several occasions has made works in collaboration with Nuno Ramalho. Some of his exhibitions include: Senhor fantasma, vamos falar – Emissores reunidos, Fundação de Serralves; Peças de substituição, Espaço Chiado 8; Cascatas e desabamentos, Sismógrafo; Retrato em casa de espanto, Centro de Arte Contemporânea Graça Morais; Estudo das passagens, Ano 0 / Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra. In 2003, he was a founding member of the space Salão Olímpico, and in 2011 he was awarded the União Latina fine arts prize. In his most recent work, he has been developing installations where light and movement play a major role.