Celtis Australis L.

CELTIS AUSTRALIS L.
de Carla Cabanas

Inauguração 4 Fev às 21h30
Patente até 18 Março



Memória perene em folha caduca

li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão? - Herberto Helder

É difícil pensar que depois de morrermos a nossa imagem poderá estar na Feira da Ladra sob a forma de papel fotográfico. Que pode estar aqui, nesta galeria, pousada no chão, trazida pelas mãos de uma artista. É a lógica inevitável da reprodução. Também as folhas secas no Outono parecem multiplicar-se. Na cidade, todos os dias são varridas até caírem todas as folhas de todas as árvores de todas as ruas. No campo, são absorvidas pela terra, levadas pelo vento. E parece que o nosso pé, a par do gozo de ouvir o estalar da matéria morta, consegue também sentir o anúncio de uma renovação. 

Esta instalação da artista Carla Cabanas, intitulada Celtis Australis L. e criada originalmente em residência na Carpe Diem – Arte e Pesquisa, cria uma sensação díspar à dos passeios de Outono: não queremos pisar estas folhas nem ouvir o seu crepitar. Cada uma parece conter em si retalhos de uma história pessoal e a noção de morte que se cheira provoca-nos uma certa reverência. Trata-se de uma folhagem que expõe e não camufla. De onde vem e como foi parar ali? A aleatoriedade deste monte de evocações contrasta com a precisa morfologia de cada recorte. Olhamos para a janela e imaginamos as árvores de onde caíram estas folhas. Talvez as raízes permaneçam algures, apesar do destino incerto daquilo que voa.





Bio

Carla Cabanas (n. Lisboa, 1979) licenciou-se em Artes Plásticas na E.S.A.D. Caldas da Rainha em 2003 e continuou a estudar e a especializar-se até 2009. O seu trabalho tem sido desenvolvido também em residências artísticas, nomeadamente: MobileHome em Loulé, 2009; Transitante: entre álbuns e arquivos em Lisboa, 2012; Viagens Invisiveis em São Tomé e Principe, 2013; Carpe Diem Arte e Pesquisa em Lisboa 2013-2015; Inter.meada Residências Artísticas em Alvito, 2015; em 2016 Walk&Talk nos Açores e Mz* Baltazar's Lab em Viena, Austria com Patrícia J. Reis.
Ganhou uma Menção Honrosa no Premio de Fotografia Purificacion Garcia em 2012 e em 2005 o terceiro prémio de Pintura Ariane de Rothschild. Em 2010/2011 recebeu uma Bolsa do Ministério da Cultura de Portugal, para viver e trabalhar em Antuérpia. Expõe regularmente desde 2000.



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rua do bonjardim, 1340 porto
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quinta a sábado das 17h30 às 20h30 (por marcação)