21:30 até às 19:00
'Spring brings' - Exposição Coletiva de Arte Contemporânea

"Spring brings" - Exposição Coletiva de Arte Contemporânea

A Mercearia de Arte inaugura a exposição coletiva de arte contemporânea “Spring brings”, com Ana Pais Oliveira, André Lemos Pinto, Juan Daniel Domingues e Raquel Rocha, a 13 de março, pelas 21h30. Esta exposição, em jeito de acervo, pretende trazer até Coimbra, quatro artistas nacionais em processo de afirmação e reconhecimento, que têm neste ano de 2015, um ano de grande atividade com exposições coletivas e individuais, entre outros projetos e prémios. A coletiva permanecerá no Pátio da Inquisição até 11 de abril. 

Sobre o trabalho de Ana Pais Oliveira: 

“Cada gesto com tinta sobre a tela, feito de acaso, não é um erro nem uma certeza. Essa ocasionalidade será uma deriva errática perante as normas da representação. Mas a repetição desse ato, contrário, quase cego, pode acrescentar efeitos sensorialmente positivos às manchas. Pintura gestual. Consagração estética de um quase acaso. A propósito de uma história de dança, APO escreve: "Há, efetivamente, um conjunto de novas possibilidades e de definição de recomeços em cada erro ou ato de falhar." Picasso falava, não sob o mesmo conceito, que "um quadro é uma soma de destruições". Nas artes, e nos seus tipos de pesquisa contemporâneos, o erro pode ser estrutural e sedutor. Por vezes, quando tudo parece completo, olhamos e o desânimo toma conta de nós. A percepção, tropeçando em diversas armadilhas, errando com frequência perpendiculares em linhas oblíquas, integra a reinvenção do visível. O real é contudo racionalizado a sua medida e orientação pelos favores do cérebro. 

A artista, através de técnicas que geometrizam e planificam a cor nos quadros de uma arquitetura de suporte (até à sustentação final) tridimensionaliza o ver, reconstrói as oblíquas, usando por vezes erros de racord para obter consequências experimentais de efeito sedutor, apelativo. Trata-se de uma experiência que atravessa a incerteza e problematiza poeticamente a forma. A cor é ela mesma e o seu desdobramento, entre linhas que a conjugam em inefáveis sequências. O processo criativo desfaz certos indícios, ou fases, para reconstruir em erro o espaço, a terceira dimensão, as razões da cor. 

Perto do que explica APO, o erro mostra acontecimentos ou coisas que nos surpreendem pelo seu inesperado teor poético, tanto nas artes plásticas como na escrita ou no cinema. A impossibilidade de certas imagens em movimento obrigam a perceção a suspeitos atos de regra, integrando-a, por vezes, num novo imaginário. Podemos trabalhar por tentativa e erro. Será porventura o erro que virá a suportar a tentativa conseguida. 
Muito cedo, na escrita gráfica das crianças, os traços e as manchas, concentrandose a caminho da representação, abrem muitas vezes a poética e o valor da fantasia, pelo erro à beleza conquistada. Olhamos em silêncio esses "quadros", a casa que nos pertence e onde refazemos a memória dos afetos, partidas e chegadas. Citemos de novo Ana Pais Oliveira. Diz ela, em jeito de conclusão: "Sedução em Erro apresenta, assim, um conjunto de trabalhos onde a cor errada, que engana continuamente, que ilude e é volátil, é o elemento visual e expressivo protagonista de objetos de pintura que, de algum modo, se apropriam de elementos da arquitetura ou que assumem uma mais evidente qualidade e dimensão arquitectónicas." 

A relação do espaço, pela casa e pela cor, importam ao interior da nossa interioridade.” 

Rocha de Sousa, Ana Pais Oliveira - A casa, entre o erro e a sedução, in Jornal de Letras, 14 a 27 de Maio de 2014, p. 24. 

Sobre Ana Pais Oliveira: 

Ana Pais Oliveira (Vila Nova de Gaia, 1982) é licenciada em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, onde frequenta o doutoramento em Arte e Design com o projeto Mecanismos de contaminação entre o espaço pictórico e o espaço arquitectónico nas práticas artísticas contemporâneas: o papel da cor. É membro colaborador do núcleo de investigação em Arte e Design no Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade e bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). É também membro do AIC Study Group on Environmental Colour Design e da APcor – Associação Portuguesa da Cor. Faz parte da seleção portuguesa para a Bienal Jovem Criação Europeia 2013/2015, itinerante por nove países europeus, foi selecionada para a XV Convocatória da Galeria Luis Adelantado em Valencia (2013) e venceu o Kunstpreis Young Art Award <33 [colour] da Galeria Art Forum Ute Barth em Zurique, Suíça, onde expôs individualmente no Verão de 2014. Foi também nomeada para o Pegase International Art Award, fazendo parte da seleção de 30 artistas de todo o mundo.  

Obteve o Prémio Aquisição dos Amigos da Biblioteca-Museu de Amarante na 9ª Edição do Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (2013), o 1º Prémio Aveiro Jovem Criador (2009), o 1º Prémio Engenho e Arte – Melhor Trabalho Nacional (2009), o 3º Prémio no 1º Prémio Jovem de Artes Plásticas da Figueira da Foz (2009), o 1º Prémio Arte XXI 10 (2009), o 1º Prémio Eixo Atlântico na VIII Bienal Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular (2008) e o 1º Prémio de Pintura Estoril Sol (2006). Participa regularmente em conferências e seminários, tendo recentemente apresentado o seu trabalho em conferências em Génova, Newcastle, Valencia, Lisboa e Porto. A sua obra está representada nas coleções da Fundação Focus-Abengoa (Sevilha), Banco BPI, Grupo Lena Construções, Eixo Atlântico, Casa da Cultura/Casa Barbot, Museu Municipal de Espinho e Museu Municipal de Amarante. 

www.anapaisoliveira.com 

Sobre o trabalho de André Lemos Pinto: 

"Da Natureza para o olho, do olho para o cérebro, do cérebro para a mão... 
É do conhecimento geral que a Natureza (pelo menos aquela de que nos podemos aperceber a olho nu) não produz linhas retas, nem planos. As superfícies retilíneas, os ângulos retos, as linhas direitas ou ortogonais são produto da razão humana que, na sua ânsia de tudo perceber e quantificar, converte, ou reduz, à expressão mais pura e inteligível (a da Geometria) as formas rebuscadas e sinuosas da Natureza. 

Os espaços urbanos em que hoje cada vez mais nos movimentamos - concebidos, projetados e construídos pelo Homem, ao longo de gerações – são os lugares onde melhor podemos apreciar a junção das formas naturais (o ambiente circundante) com as concebidas pelo cérebro humano – ruas, casas, muros, muralhas, pontes, cais... É um mundo vibrante de formas e ritmos, sempre renovados em conformidade com o momento e com o próprio movimento de quem nele circula. Qual objetiva de uma máquina fotográfica, o que o "olho" do artista faz é selecionar um enquadramento e racionalizar a sua perceção, limpando-a de tudo o que é acessório e fugidio (isto é, de todo aquele ruído visual que anima as paisagens urbanas), mesmo que isso implique a exclusão do próprio homem. 

As imagens resultantes desta depuração racional do espaço visual são as que podemos observar nestas telas de André Lemos Pinto. São paisagens construídas pelo Homem, mas onde a presença humana é apenas emanente. São visões fotográficas; perspetivas "congeladas" de um dado espaço, num dado tempo. São paisagens clarificadas, reduzidas ao essencial pela simplificação dos meios plásticos. Nelas, os planos de cor materializam as formas, definindo também os jogos de luz-sombra. Limpidas, firmes e nítidas, as formas impõem-se-nos ao olhar, sem qualquer constrangimento. Apenas o tom e o timbre das cores escolhidas nos permitem intuir as sensações e as emoções que o artista retirou dos lugares. Espaços com alma, chamar-lhes-ia eu." 

Ana Lídia Pinto, professora e autora de livros de História da Arte 

Sobre André Lemos Pinto: 

André Lemos Pinto (Porto, 1976) é licenciado em Design de Comunicação/Arte Gráfica pela FBAUP, vive e trabalha no Porto.  
A sua forma de expressão artística e comunicativa está profundamente influenciada pela sua formação, imprimindo, contudo, uma identidade própria à forma como usa as relações formais entre cores, linhas e superfície. 

Participa regularmente em exposições de Artes Plásticas e Fotografia dentro e fora do país. Está representado em Portugal e no estrangeiro, tanto em coleções particulares como públicas, destacando-se a de Le Meridien Hotel, em Tampa, Florida. 

Para além de formador e professor de cursos profissionais, exerce desde 1995 a atividade de Designer de Comunicação, como independente, sendo o responsável pela imagem de diversas entidades nacionais e estrangeiras. 

alemospinto.tumblr.com 

Sobre o trabalho de Juan Daniel Domingues: 

“Entre espelhos  
Tendo como base o rosto como expressão do sentido humano em Lévinas, a expressividade do rosto centra-se como base de objecto pictórico, na conjugação da personagem/objecto, o fruídor e o eu como centro, alma gestualmente conjugada entre as bases e delimitações existenciais. 

É como um e vários espelhos, reflexos, onde tudo se conjuga. O reflexo do objecto de composição em contraste com a percepção sociocultural, Estética, aquando do Belo como factor de reflexão existencial, conjuga e contrasta com o espelho e reflexo do fruídor (de quem vê, observa), centralizando o eu como criador, espelho de espelhos e reflexo de reflexos.  

Citando Dostoievski: “Somos todos culpados de tudo e de todos perante todos, e eu mais do que os outros”. 
Serei sempre responsável, no que dita a Obra, no resultado do objecto artístico fruto da minha criação e percepção Estética. É dos reflexos, como imagem de espelhos que as minhas Obras resultam, tomando estes como resultado existencial da minha formação social e cultural. Sou fruto do que me rodeia e de quem me rodeia e expresso-me assim, desta forma, onde a "alma" da minha criação é o resultado final de mim mesmo na limitação do eu.” 

Juan Daniel Domingues   

Sobre Juan Daniel Domingues: 

Juan Daniel Domingues nasceu em 1981, em Puerto Cabello (Venezuela). Vive e trabalha em Cantanhede, Coimbra. Estudou na Escola Universitária das Artes de Coimbra, concluindo o último ano do curso de Licenciatura em Pintura em 2007. Desde então tem vindo a expor publicamente a nível nacional e internacional, destacandose com duas menções honrosas nos prémios Aveiro Jovem Criador e Prémio D. Fernando II em Sintra, tal como pela Artreview Magazine e Showcase London, encontrando-se também representado pela Drawing Dreams Foundation de Berkeley, Califórnia. Destacam-se, entre as suas obras, a Pintura e o Desenho de grande formato, onde a gestualidade, a conjugação cromática e os resíduos de tinta ganham força e densidade entre as delimitações do suporte físico. Das suas exposições individuais salientamos, entre 2010 e 2014: Between Mirrors, Galeria Metamorfoses, Porto; Alpha, We Art – Agência de Arte, Aveiro; Hífen,  Museu da Pedra, Cantanhede; Pintura e Desenho de Juan Domingues, Casa da Cultura, Cantanhede; La Femme Déshabillée, CITAC/AAC, Coimbra.   

Das suas participações em mostras coletivas, destacam-se: Pintura Portuguesa Contemporânea, The Peach Gallery, Toronto; Vinho & Fado, Museu do Vinho, Anadia; Arte & Negócios, org. We Art - Agência de Arte, Porto Business School e AIDA – Associação Industrial do Distrito de Aveiro; Está na Cara, Casa Municipal da Cultura, Coimbra; Capital Europeia da Cultura, Guimarães; Jardins sem Limite, Galeria Quinta Nova da Assunção, Sintra; Prémio Aveiro Jovem Criador, Aveiro; XI Prémio de Pintura e Escultura D. Fernando II, Galeria Quinta Nova da Assunção, Sintra; Prémio Jovem de Artes Plásticas, CAE, Figueira da Foz; Pintar (n)a Cidade, Casa da Cultura, Cantanhede; Casa Museu da Trindade, Lisboa; XIV Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira, Projeto Galeria, V.N. Cerveira; XI Semana Cultural da Universidade de Coimbra, ARCA-EUAC, Coimbra; Por Amor À Arte Gallery, Porto; Formas da Pintura, Casa-Museu Bissaya Barreto, Coimbra.  

www.facebook.com/juandanieldomingues  

Sobre o trabalho da Raquel Rocha: 

“O desenho é pensamento, é gesto e é, sobretudo, um ato de liberdade. Liberdade que se expande em vários sentidos, desde a forma como o próprio desenho é executado, ao tema que representa. 
Creio que Raquel Rocha dá força e forma, na generalidade, à própria liberdade.  

Apresenta-nos um trabalho minucioso, que só alguém paciente, calmo, pode ser o criador e, depois, através de um verdadeiro exercício de memória "esculpe", é o termo, para o papel, os múltiplos corpos, de homens e mulheres, que populam por este mundo. E constrói-os na posição que entende, numa autêntica ode ao erotismo, onde, apesar da carga emocional que este congrega, tudo é subtil, tudo é leve. E aí é que vive, ou sobrevive, na minha opinião, todo o interesse estético do seu trabalho, 
pois, apesar de abordar um tema antigo, e pesado, carregado ainda de preconceitos e tabus, Raquel Rocha consegue entrar nesse universo e, simultaneamente, dar-lhe um toque de leveza, de significativa feminilidade. 

A pintora, neste âmbito, consegue a proeza de reter o essencial e eliminar o acessório, o superficial, não deixando fugir os sinais, as marcas e os estímulos subjacentes ao erotismo. Raquel Rocha quase que, através de magia, narra histórias que sobrevivem na memória do comum dos mortais, mas acrescenta-lhes sensualidade e subtileza. 

Os seus corpos, a preto, branco e vermelho (são estas as cores eleitas, mas, não por acaso, uma vez que são cúmplices neste universo) surgem como personagens vivas, robustas, intérpretes de orgias imaginadas, transportas para o papel e, quase como magia, aparecem camufladas no trabalho final. Emerge, então, aí, uma espécie de mundo novo, reinventado, construído pela sua intensa e rigorosa criatividade.” 

Agostinho Santos, jornalista/artista plástico 

Sobre Raquel Rocha: 

Raquel Rocha nasceu no Porto em 1976, concluiu o Curso de Desenho em 1998 na Escola Superior Artística do Porto. 
Colabora com ilustração do livro 'Histórias da Ajudaris’ desde 2012. Pontualmente, faz Arteterapia em diversas IPSS. Publicada na revista OjOs com um estudo sobre a Arte Erótica. 

Entre as exposições coletivas mais recentes participou: 2014 – Luz, Galeria EspaçoMar, Madeira; Coletiva de Natal Galeria Zeller, Espinho; Coletiva de Natal Galeria Olga Santos, Porto; Aduntorium Non Constant, DaVinci Art Gallery, Porto; Outonos Inquietos, Fundação Dionísio Pinheiro, Águeda; Arte - Assistência. 15 artistas para AMI(gos), Galeria Perve, Lisboa; AMI Art Lisboa 2014 | Arte Urbana, Lisboa; XVI Contemporâneos, Museu Municipal de Espinho; (Con)Tributos da Liberdade a Joan Miró, Porto Lisboa e Londres; 14º Aniversário da Galeria Perve, Lisboa; India ArtFair, Nova Deli; bem como com as seguintes individuais: 2015 – Galeria Arte-Imagen, Corunha; Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros; 2013 – Galeria Olga Santos, Porto; Fundação Escultor José Rodrigues, Porto; Galeria Arte-Imagen, Corunha; 2012 - Galeria da UNICEPE, Porto; Space Feng Shui, Braga; 2011 – Galeria de Arte da PT Comunicações, Porto; 2009 – Mestre’s Sex Shop, Porto; 2004 – Galeria Casa de Eros, Porto; Associação Nacional de Jovens Empresários, Porto; 

Representada em colecções públicas e privadas na India, Colombia, Suécia, Espanha e Portugal; incluindo o Museu de Arte Erótica Americano, Fundação Escultor José Rodrigues e Fundação Dionísio Pinheiro.
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