Michael Formanek – contrabaixo
Alexander Hawkins – piano
Ricardo Toscano – saxofone altoEncontro de figuras da maior dimensão de proveniências e gerações distintas.
Se Toscano é que se encontra mais perto da tradição do jazz e do bop, apesar de ser o mais jovem (Seixal, 1993), Formanek, o mais velho (São Francisco, 1958), privilegia uma escrita contemporânea para moldar a sua música, que vive sempre da liberdade de criação e interpretação. Por seu lado, Alexander Hawkins (Oxford, 1981) tem sido um baluarte do novo jazz europeu com uma enorme capacidade camaleónica.Não sendo fácil resistir à tentação de os definir, não é menos difícil explicar os inúmeros caminhos que qualquer dos três percorreu. A magia do jazz é que nos elucida sobre a possibilidade de Ricardo Toscano improvisar em duo com João Barradas e Gabriel Ferrandini e acompanhar inúmeros fadistas; de Formanek, com reputação de contrabaixista ligado à avant-garde norte americana ter tocado com Chet Baker, Freddie Hubbard, Joe Henderson, Lee Konitz; ou de Alexander Hawkins ter feito parte da sua carreira ao lado do lendário baterista sul-africano Louis Moholo-Moholo e do pioneiro do jazz etíope Mulatu Astatke. Aqui não faltará certamente gosto pelo risco e muita vontade de partilhar fortes ideias musicais que nos enriquecem a todos.
Michael Formanek foi descrito como “baixista e compositor ousado e inclassificável”. O The New York Times observou que a sua música é sempre “graciosa nas suas subversões, muitas vezes até sumptuosa”. Quer seja para uma pequena banda ou para ensemble maior, Formanek cria um jazz simultaneamente simples e atmosférico, sempre vivo, com melodias pintadas em tons escuros e ritmos profundos, ricos em possibilidades dinâmicas e sempre surpreendente. Nascido em São Francisco em 1958, Formanek actuou em inúmeros contextos ao longo das décadas seguintes, com Joe Henderson e Tony Williams enquanto adolescente, e já mais tarde com grandes mestres, de Gerry Mulligan e Stan Getz a Freddie Hubbard e Fred Hersch.
Formanek deu alguns importantes saltos criativos nos últimos anos, documentando uma sequência de gravações justamente elogiadas. Os álbuns que lançou como líder na editora ECM tiveram críticas e pontuações raras de cinco estrelas na revista DownBeat: “Small Places” (2012) e “The Rub and Spare Change” (2010), um quarteto poderoso com o saxofonista Tim Berne, o pianista Craig Taborn e o baterista Gerald Cleaver; e o magnífico “The Distance” (2016), uma big band de estrelas, divertidamente apelidada de Ensemble Kolossus.
O primeiro álbum de Formanek para a editora Intakt, “Time Like This” (2018), apresentou o seu novo Elusion Quartet com o saxofonista Tony Malaby, a pianista Kris Davis e o baterista/vibrafonista Ches Smith com um efeito “comovente”, de acordo com o site All About Jazz. O seu último lançamento pela Intakt Records, “Imperfect Measures”, sua segunda gravação de contrabaixo solo foi lançado em meados de 2021. “Were We Where We Were” do Michael Formanek Drome Trio com o saxofonista/clarinetista Chet Doxas e o baterista Vinnie Sperrazza foi lançado em março de 2022 em seu gravadora recém-criada, Circular File Records.
Em maio de 2023, Micahel Formanek mudou-se para Lisboa, Portugal.
Alexander Hawkins é um compositor, pianista, organista e bandleader “muito diferente dos que habitam o mundo da música criativa moderna”. Considerado um dos pensadores mais inovadores da sua geração, o seu mundo sonoro é moldado pelo profundo fascínio pela composição e estrutura e pelo amor pelo acaso e as formas abertas. Diz-se que a sua escrita representa “uma reafirmação fundamental da composição na música improvisada”, e a sua voz é uma das “mais vividamente distintivas do jazz moderno”. Como pianista, foi qualificado como “notável possuidor de habilidade técnica impressionante e fecunda imaginação”.
No que respeita ao órgão, o crítico Brian Morton comentou recentemente que é “o músico de Hammond mais interessante da última década e já ampliou as possibilidades do instrumento”.
Actua frequentemente a solo e em grupos que vão desde o duo (com nomes como Nicole Mitchell, Sofia Jernberg, Tomeka Reid, Angelika Niescier, Evan Parker, John Surman, Han Bennink e Hamid Drake), até grandes conjuntos. O seu quarteto co-liderado com a vocalista Elaine Mitchener estabelece provavelmente um novo padrão para a música improvisada com canção; “Togetherness Music”, para grande ensemble, lançado pela Intakt Records em Janeiro de 2021, foi considerado 'uma obra-prima que pode ficar ao lado das melhores obras de Roscoe Mitchell, Anthony Braxton ou Evan Parker'.
Hawkins pode ser ouvido ao vivo ou em gravações com uma vasta gama de líderes contemporâneos de todas as gerações, incluindo nomes como Anthony Braxton, Joe McPhee, Wadada Leo Smith, Marshall Allen, Michael Formanek, Rob Mazurek, Chad Taylor, Taylor Ho Bynum, Harris Eisenstadt , Nicole Mitchell, Matana Roberts, Esperanza Spalding, Jonny Greenwood e Shabaka Hutchings. Ao longo de mais de uma década, fez parte da banda do lendário baterista sul-africano Louis Moholo-Moholo e do pioneiro do jazz etíope Mulatu Astatke.
Ricardo Toscano, natural de Lisboa (1993) mas criado na margem sul do Tejo (Amora/Seixal), teve ligação com a música desde muito cedo por intermédio do pai, que também é músico. Começou a aprender clarinete aos oito anos na filarmónica local (Amora), entrando aos 13 para o Conservatório Nacional na classe de Clarinete, onde estudou dois anos; aos 15 ingressou na Escola Profissional Metropolitana, na classe de Clarinete dos professores Jorge Camacho, Nuno Gonçalves e João Ramos. Aos 16 começou as suas aulas na Escola de Jazz Luiz Villas-Boas, na classe de saxofone do professor Desidério Lázaro, com quem estudou dois anos. Aos 17 entrou para a Escola Superior de Música de Lisboa.
Teve aulas/masterclasses com Danilo Perez, Wynton Marsalis, Greg Osby, João Moreira, Pedro Moreira, Miguel Zenon, Aaron Goldberg, Kurt Rosenwinkel, Joe Lovano, Ben Street, George Garzone, Terence Blanchard e muitos outros.
Em 2011 formou o seu primeiro quarteto com (com André Santos, João Hasselberg e João Pereira), tendo ganho a 25ª edição do Prémio Jovens Músicos na categoria de Jazz. No mesmo ano participou no disco "Os fados e as canções do Alvim", do grande mestre Fernando Alvim, colaborando com artistas como Fafá de Belém, Rui Veloso, Amélia Muge e Cristina Branco e outros.
Reconhecido na cena do jazz nacional, tem tocado com muitos dos nomes mais marcantes, como Mário Laginha, Mário Barreiros, Carlos Barretto, João Paulo Esteves da Silva, João Moreira, Nelson Cascais, Bruno Santos, Afonso Pais, André Sousa Machado, Mário Delgado, Alexandre Frazão, André Fernandes, José Salgueiro e Júlio Resende. E, ainda na área da música popular, com Paulo de Carvalho, António Chainho, Carlos Manuel Proença, Rão Kyao, Ana Moura ou Camané.
Em 2013 formou o atual Ricardo Toscano 4teto – com João Pedro Coelho, Romeu Tristão e João Pereira –, com que editou o disco homónimo (Clean Feed, 2018), que teve grande impacto na cena nacional, visível em inúmeros concertos nos mais prestigiados festivais e festivais do país.
Com uma redução de quarteto para trio, sem piano, editou “Chasing Contradictions” (Clean Feed, 2022) reunindo os maiores elogios da critica nacional, ganhando, por exemplo, um prémio Play.
Atualmente integra também o Sexteto de Jazz de Lisboa, o Nelson Cascais Decateto, o Septeto do Hot Clube de Portugal, o Carlos Barretto Lokomotiv e o Quarteto de Mário Barreiros.
Pertence ainda ao corpo docente da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas e da Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa.
Local: Auditório da Reitoria