15:00 até às 19:00
Dozie Kanu: Preenchendo vazios

Dozie Kanu: Preenchendo vazios

Dozie Kanu PREENCHENDO VAZIOS 20.01–14.04.202

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20.01 | 16h Inauguração da exposição 16.03 | 17h Conversa com Dozie Kanu e Simon Thompson

A prática artística de Dozie Kanu baseia-se num exame profundo da cultura dos materiais. As suas observações culturais-antropológicas quanto a posicionamentos no mundo (da arte) ocidental servem-lhe como fonte para as suas esculturas e instalações espaciais – uma prática que, em anos recentes, tem levado a um reconhecimento internacional da sua obra.

Esta primeira grande exposição institucional do artista em Portugal apresenta-se com um título ambíguo. À primeira vista, “preenchendo vazios” pode implicar o preenchimento de um espaço de exposição, mas no projeto de Kanu para o espaço Lumiar Cité tem um significado mais acutilante. A obra de Kanu refere-se a pontos cegos nas instituições ocidentais dedicadas a discursos da história da arte e à exposição de arte, que ele, por sua vez, ocupa através de apropriações subtis dessas práticas.

As suas montagens de materiais "encontrados" parecem esteticamente sofisticadas, mas não disfarçam a sua utilização original. Formalmente, fazem referência a fenómenos culturais comuns no sul dos Estados Unidos da América, incluindo a estética da cultura “slab” (uma extensão do movimento "tuning", de modificação de veículos) ou a prática em torno de materiais por artistas negros do Sul. Porém, a prática de Kanu também faz lembrar a forma como os materiais são agrupados nas práticas artísticas da modernidade ocidental que se inspirou em culturas não ocidentais, mas ignorando características como as questões do animismo ou da ativação através do movimento, como no caso das máscaras africanas.

A forma apelativa habitual de contemplação das suas obras de arte é desafiada pelo artista; ao sugerir outras utilizações (aplicadas), o artista atira efetivamente areia para as engrenagens de apreciação das belas-artes. Com uma linguagem eloquente em termos de materiais, os trabalhos de Kanu parecem, à primeira vista, perseguir a ideia de arte pela arte, insistindo aparentemente na noção de autonomia herdada do modernismo. No entanto, o artista subverte subtilmente esta ideia no contexto do espaço expositivo ao sugerir “outras” possíveis utilizações. Uma escultura monumental, através da qual o artista reformula dramaticamente as condições arquitetónicas e de acessibilidade do espaço expositivo serve, ao mesmo tempo, de plinto para novas esculturas produzidas para a exposição. As esculturas de mastros surgem sem bandeiras e, alguns visitantes, podem sentir-se divididos entre olhar para uma escultura e a possibilidade implícita de se sentarem nela. O artista evoca-as, mas não estabelece deliberadamente quaisquer regras.

Trata-se de um jogo cuidadoso no corpo de trabalho do artista que desafia a ideia de puro, de original e autêntico da modernidade – uma modernidade que excluiu outras modernidades, não articuladas por homens e/ou brancos. Com as suas múltiplas formas de interpretação e utilização, as esculturas de Dozie Kanu são ambivalentes, emulando, precisamente, a desordem que o modernismo tentou e continua a querer erradicar.

Dozie Kanu (Houston, 1993) vive e trabalha em Santarém. Entre as suas exposições recentes, destacam-se os seguintes espaços: Galerie Barbara Weiss, Berlim (2023); Kölnischer Kunstverein, Colónia (2023); Quinn Harrelson Gallery, Los Angeles (2023); C-Mine, Genk (2023); Oregon Center for Contemporary Art, Portland (2023); Galerie Francesca Pia, Zurique (2022); Public Art Fund in Brooklyn Bridge Park, Nova Iorque (2022); San Francisco Museum of Modern Art (2022); Project Native Informant, Londres (2022); Neuer Essener Kunstverein, Essen (2022) e The Studio Museum in Harlem, Nova Iorque (2019).

Maumaus / Lumiar Cité é uma estrutura financiada por Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes e apoiada pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Junta de Freguesia do Lumiar.

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Dozie Kanu PREENCHENDO VAZIOS 20.01–14.04.2024

20.01 | 16h Opening of the exhibition 16.03 | 17h Talk between Dozie Kanu and Simon Thompson

Dozie Kanu’s artistic practice is based on an intensive examination of material culture. His cultural-anthropological observations of positions in the Western (art) world serve as source material for his sculptures and spatial installations, which has led to great international recognition in recent years.

Kanu’s first major institutional exhibition in Portugal presents itself with an ambiguous title. ‘Preenchendo vazios’ (Filling Voids) may at first glance imply filling an empty exhibition space, but in Kanu’s project for Lumiar Cité it has a deeper meaning. The artist’s oeuvre refers to blind spots in Western institutions dedicated to art-historical discourses and exhibition of art, which he in turn occupies through subtle appropriations of such practices.

His assemblages of various ‘found’ materials appear aesthetically sophisticated but do not disguise their original use. Formally they reference cultural phenomena typical of the southern states in the US, including the aesthetics of ‘slab culture’, an offshoot vehicle modification, or the material practice of Black southern artists. But Kanu’s practice is also reminiscent of the way in which materials are assembled in art practices of Western modernity that have drawn on non-Western cultures while ignoring characteristics such as questions of animism or original animations of objects such as African masks.

Usual forms of contemplation of his appealing artworks is challenged by the artist; by suggesting other (applied) uses, the artist effective throws sand in the gears of fine art appreciation. With its eloquent material vocabulary, Kanu’s work seems at first glance an art for art’s sake, apparently insisting on the idea of the autonomous work inherited from modernism. However, the artist subtly undermines this in the context of the exhibition space by suggesting these possible ‘other’ uses. A monumental sculpture through which the artist dramatically reformulates the conditions of access to the gallery in the architecture of Lumiar Cité serves at the same time as a plinth for other new sculptures created for the exhibition. Flagpole sculptures appear without flags, and some visitors may be torn between looking at a sculpture and the implicit possibility of taking a seat on it. The artist evokes but deliberately does not lay down any rules.

It is this subtle play in the artist’s body of work that unhinges the idea of the pure, original and authentic in modernity – a modernity that excluded other modernities articulated by women and/or non-white artists. With their forms being multi-interpretable and -usable, Kanu's sculptures are ambivalent, neatly emulating precisely the disorder that modernism sought and continues to seek to eradicate.

Dozie Kanu (Houston, 1993) lives and works in Santarém, Portugal. Most recently, he exhibited at Galerie Barbara Weiss, Berlin (2023); Kölnischer Kunstverein, Cologne (2023); Quinn Harrelson Gallery, Los Angeles (2023); C-Mine, Genk (2023); Oregon Center for Contemporary Art, Portland (2023); Galerie Francesca Pia, Zurich (2022); for Public Art Fund in Brooklyn Bridge Park, New York (2022); SFMOMA, San Francisco (2022); Project Native Informant, London (2022); Neuer Essener Kunstverein, Essen (2022); Galeria Madragoa, Lisbon (2021); Performance Space New York (2021); The Studio Museum in Harlem, New York (2019).

Maumaus / Lumiar Cité is funded by Ministério da Cultura / Direção-Geral das Artes and supported by Câmara Municipal de Lisboa and Junta de Freguesia do Lumiar.

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