Naifadas | CUlóquio transfeminista anti-autoritário 25, 26 e 27 de Outubro de 2019 Dia 25 | CSA A Gralha Travessa Anselmo Braamcamp, 74 A partir das 18h: Apresentação de «Naifadas | CUlóquio transfeminista anti-autoritário» Homenagem a Lara Crespo (1971-2019) Lutadora incansável pelos direitos das pessoas trans em Portugal contra o sistema cisheteropatriarcal. Fez parte da @T – primeira associação trans que fundou juntamente com Jo Bernardo e Andreia Ramos –, assim como colaborou com as Panteras Rosa e participou nas Universidades Euromediterrânicas das Homossexualidades. Em 2009, fez parte da versão portuguesa da campanha STOP Patologização TRANS Portugal (STP2012). Auto-publicou «Despida – Reflexões de uma Mulher Transexual», que reúne artigos de vários blogues. Em conjunto com Eduarda Alice Santos, fundou o Grupo Transexual Portugal (GTP) – co-organizadora da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa –, tendo compilado informação que levou ao processo legislativo da primeira Lei de “identidade de género”, em 2011. Projecção do vídeo-testemunho auto-biográfico de Eduarda Alice Santos e Lara Crespo no âmbito do Arquivo Queer, realizado pelo colectivo Lóbula. Leitura performática do «Manifesto contra os desejos capitalistas», de Pêdra Costa (Fev. 2014), usado no filme «X-MANAS» (Directora: Clarissa Ribeiro, 2017, Brasil). https://cargocollective.com/pedra «Vizinhanças Negadas», uma seleção de textos sobre algumas margens por Francisco Aguiar. «Braba», performance por Çal: Braba é, como diz o nome, um ensaio performático acerca da selvajaria, agitação e mau feitio, por exemplo. Trata-se de uma tentativa de construção biográfica simbólica através da arte de viver como se cada segundo dependesse de imaginar pó de fadas bichas que sai do seu próprio anús. Onde se tenta exprimir a noção de multi - plural. Na tentativa de co-existência de universos diversos que são infinitos e contém em si tudo. Da solidão surgem as várias vozes de uma individua que talvez tenha sido criada por lobas e outros animais de plástico em miniatura. Um momento que cruza todos os espaços do tempo nas suas diversas dimensões e fantasias: h#0i@gfkktlh veio do futuro, mas é do passado - sendo que é natural de outra dimensão. Parece confuso? A confusão é um prato que se serve à temperatura de permifrost numa bandeja acompanhada por uma cabeça cyborg com uma piruca que tem a forma de uma lagosta que fala a língua dos golfinhos e dá uns toques de esperanto bem como de quidditch. Maria João Côrte-Real Comes veganos por Veggie Brasa! Nós da Veggie Brasa, preparamos comida vegetariana, caseira e abrasileirada com muito carinho e amor. Nós cozinhamos com esmero oferecendo um serviço zeloso e de transparência. A Veggie Brasa também trabalha com consciência e atenção em relação aos produtos, sendo servida comida vegetariana de qualidade aos nossos clientes, através de uma escolha correta dos produtos utilizados. Nossa proposta é vir de encontro as necessidades diárias com praticidade, mas também com qualidade de vida e acolhimento. Pica-pica (coxinhas veganas, kibe de lentilha e caldo de feijão): 1,00-1,50 Dia 26 | CSA A Gralha Travessa Anselmo Braamcamp, 74 16h | TRANSFEMINISMOS: Percursos, diálogos e lutas actuais [Conversa] «Entre a Revolução e a Reforma - Ansiedades de uma Luta Trans Assimilável» | Alice Azevedo Alice Azevedo tem 23 anos, é ativista transfeminista. Está a passar por uma fase profunda de reestruturação identitária e existencial, por isso não sabe muito bem o que mais dizer. Também é actriz, organiza eventos, e tem uma licenciatura em Estudos Artísticos, Artes do Espectáculo. «Transfeminismos: movimentos intersticiais» | CSA A Gralha «U TE(A)R US: parindo contramitologias» | Dani d'Emilia Em Janeiro de 2017 me tornei um corpo sem útero. Parí meu útero como uma ação de arte-vida, tornando visível essa complexa escultura socio-corporal nutrida durante 34 anos por sistemas biológicos e ideológicos que estiveram atuando em mim. Dois meses após a cirurgia, meu útero e eu nos relacionando extra-corporalmente em uma ação duracional de 34 horas (uma hora para cada ano que estivemos juntes). Durante este tempo senti seu peso, composto não só por sua materialidade mas também pelos significados pessoais, pressões sociais e poderes institucionais que operam sobre este órgão. Durante esta sessão compartilharei algumas imagens e relatos sobre este trabalho, convidando o público a que conversemos sobre questões e atravessamentos que possam se fazer presentes a partir desse processo. Dani d’Emilia é artista e educadorx transfeminista cujo trabalho atravessa as áreas da performance, artes visuais, teatro colaborativo, pedagogia radical e justiça social. Interessa-se particularmente por práticas político-afetivas encarnadas que fundem esferas artísticas, ativistas e espirituais, e tem desenvolvido um trabalho extenso à volta da prática-conceito da Ternura Radical. 18h | DECOLONIALIDADES [Conversa] ««O queer não te tira o racista»: Transfeminismos e white tears» | Lucrecia Masson Lucrecia Masson é activista e investigadora transfeminista e anti-racista. Com a impureza como princípio, explora os campos da arte, da teoria e do activismo. Os seus principais temas de investigação e acção indagam sobre a produção política do corpo dissidente desde a crítica descolonial. «O que eu tenho a dizer é…» | Lucas Reis Que corpo é esse que atravessa o atlântico trazendo na sua bagagem não apenas roupas e utensílios, mas os privilégios todos de uma vida muito tranquila e estável em um país em pleno colapso? Colapso esse já constatado por corpos dissidentes, à margem. Que corpo é esse que fala, que grita, que sonha, que chora, que se cansa, que fere, que extrapola com a ética e com a moral e ao mesmo tempo faz uso dela para se preservar? Que corpo é esse? Que corpos são esses? Falar de si, mas também falar dos outros. Pensar a própria subjetividade, as próprias experiências de vida e familiares, e aproximar dos discursos coletivos. Criar um espaço seguro onde não haja "lugar de fala" e sim "lugar de escuta" e de troca. Não há autoridade e a este espaço foi criado e pensado para ser coletivo sempre com respeito e partindo do princípio do cuidado com o outro. Lucas Reis (1990) é bicha, negra, brasileira, ativista (e muito mais) e vive no Porto há pouco mais de um ano. Integra o Núcleo Anti-Racista do Porto (NARP). Atravessou o atlântico para recolher de volta tudo aquilo que lhe é de direito. Não só os bens que nos foram roubados, mas também os discursos. Um corpo dissidente e com muito sangue nos olhos. 20h | Jantar vegano respigado Prato: 2,50 / fundos arrecadados revertem para a organização das «Naifadas | CUlóquio transfeminista anti-autoritário» 22h | Pássaro Macaco | Looper [Concerto] Este projeto tem já seis anos. Teve início com um editor de áudio e passou toda a sua estrutura para uma loopstation. Está em mutação e construção com o tempo. Há mudança de instrumentos, mas a base mantém-se com a loop e instrumentos que vão mudando. Entre sopros, flautas, xaphoon e agora trompete, synth analógicos, midis, bateria electrónica, voz. Pássaro-macaco vão-se encontrando numa viagem experimental e melódica num ambiente polivalente na música. Não tem um estilo definido, nem o procura ter. Procura perguntas, desconforto e conforto. Vivências, dor, memórias que se diluem na expressão musical. Uma Rosa de Mãe, Depois das Batatas Em Mercúrio, entre Azul e cor de rosa 4, 8, 7, 5, M, 1, 2 e 3 uma rádio pôr do sol e uma loop. https://soundcloud.com/passaro-macaco anacronim@gmail.com 23h | Dj sets LOLA | funk, trap, hip hop Dia 27 | Rosa Imunda Travessa do Ferraz, 13 11h | «Ternura Radical: encar(n)ando des/aprendizagens transfeministas» | Dani d'Emilia [Oficina] Ternura radical é um termo que Dani encontrou inicialmente através de sua colaboração com o coletivo de performance La Pocha Nostra, com quem trabalhou entre 2008-2016. Desde então, Dani tem se empenhado em senti-pensar o conceito-prática-afeto da ternura radical, em um nível pessoal, político e espiritual. Este trabalho explora a co-produção de conhecimento crítico e imaginação política através de linguagens que vão além dos âmbitos racionais e discursivos. Trabalhamos a partir do corpo, investigando nossa capacidade de nutrir relações através de múltiplos sentidos e modos de ser/estar, habitando (des)aprendizagens, contradições, incoerências e vulnerabilidades que surgem ao ousarmos borrar fronteiras entre noções como identidade e alteridade, individualidade e colectividade, tensão e confiança. Combinando a performance-pedagogia (práticas de performance/arte como processo pedagógico de desaprendizagem e criação) e a ternura radical (resistência político-poética tecida no exercício do activismo ‘para dentro e para fora’) com perspectivas transfeministas e decoloniais (interrogando legados cis-hetero-patriarcais-coloniais em nossas corpo-subjetividades), este trabalho investiga possibilidades de nutrir alianças político-afectivas que levem em conta, e ao mesmo tempo tentem não reproduzir, diferentes formas de violência inerentes à nossa construção como sujeitos políticos. Experimentando antídotos contra a indiferença situando-nos no, e para além do, paradoxo entre identificação e desidentificação, experienciamos modos de alimentar nossa pulsão vital no encontro entre nossos corpos passados e presentes, e os estranhos gérmens que carregamos dos (im)possíveis mundos por vir. Duração: 3 horas Nº. min: 12 participantes Nº. máx: 20 participantes Faz a tua inscrição até ao dia 25 de Outubro: naifadas@riseup.net. 16h | Projecção do filme «Folkbildningsterror», de Antiffa Vänsterfitta (Suécia, 2014, 120’) É uma história de alegria, afecto e música que surge quando um bando de marxistas culturais hipócritas levantam os braços. Numa cavalgada propagandística de ataques musicais à sociedade, somos convidadxs a entrar numa produção de entertenimento punk forrada de violência, crime, narcoresistência e um despertar feminista para lá das tumbas. Um filme boa onda para todxs aquelxs que odeiam polícias. Deixamos um agradecimento especial ao realizador do filme por nos permitir realizar a sua exibição. 18h | ANTI-CAPITALISMO E DISSIDÊNCIAS SEXUAIS E DE GÉNERO [Conversa] «Friendly só no meu cu!: críticas às políticas de assimilação, lavagem rosa e outras tretas capitalistas» | Colectivo Rata Dentata O que são políticas de assimilação? Quem é que beneficiam, que estratégias utilizam e que impactos comportam ao nível da produção da subjectividade e da construção de uma força política reivindicativa, colectiva e desde as bases? Numa altura de crescente presença de marcas e bancos nos protestos do «Orgulho», de lavagem da imagem de Portugal como um dos destinos «mais gay friendly do mundo» e na sequência da candidatura portuguesa ao EuroPride 2022, em que medida é que importa iniciar uma cartografia do aparato capitalista que opera no/com/através do chamado «Movimento LGBTI+» neste território? Que respostas locais têm sido praticadas às investidas de cooptação neoliberal e de mercantilização das dissidências sexuais, de género e dos corpos? ««Bicha Travesti de um Peito Só». Um convite à ira contra a assimilação» | Nunx Carneiro No quadro das políticas de austeridade, dos posicionamentos ideológicos ferreamente marcados sobre as possibilidades de expressões e vivências diversas do Humano, do neo-liberalismo e das forças assimilacionistas que nos esmagam, cabe perguntar: o que fazer com o que estão fazendo de nós? A conversa convida à troca desgarrada, emocional, potencialmente irada e desejosa de acções e políticas radicalmente transformativas sobre os efeitos nocivos, necrófilos, anuladores que em nós se depositam à custa desse mesmo quadro, depois de duas décadas de activismos (?) LGBTI+(?) no jardinzinho à beira mar desplantado, com desafio de atenção a três principais campos de potencial discussão: (i) normatividades abjetas sobre a nossa legítima abjeção, (ii) insuficiências das conquistas associativas à custa da miserável política do possível e (iii) das formas colonizadoras do psíquico como modo de tentar impossibilitar estrategicamente a celebração do Humano. Nunx Carneiro. Gralha Inquieta e Desgarrada. Mais-que-bicha-não-cis sedenta de interlocuções destemidas. Im-paciente e de-formada em Psicologia Crítica. 20h | Jantar vegano respigado com Dj set por Dár Ge Los Prato: 2,50 / fundos arrecadados revertem para a organização das «Naifadas | CUlóquio transfeminista anti-autoritário» Política de Espaço Seguro: https://naifadas.noblogs.org/politica-de-espaco-seguro/ Condições de acessibilidade: https://naifadas.noblogs.org/locais/ Política de cuidado do bairro: As «Naifadas | CUlóquio transfeminista anti-autoritário» decorrerão em espaços comunitários que procuram cuidar o bairro e desenvolver relações de respeito mútuo com quem o habita. - as actividades musicadas começam e terminam pontualmente de modo a não incomodar a vizinhança a horas tardias; - quando a hora já for avançada, pedimos que não permaneças na proximidade dos espaços, sobretudo quando te encontras num grupo numeroso, com muita vontade de algazarrar, gargalhar e conversar a fio; - não deites beatas, lixo e afins para o passeio; - recolhe as tuas garrafas, copos, etc.; - não deixes copos e afins em locais alienígenas ao espaço (eg., carros, entradas, passeio, etc.).