Folheação (na Des|ocupação do Atelier Real)
Vamos supor que o assunto é sobre a ideia de haver vozes maiores do que os corpos que proferem essas vozes. Isto é um assunto. Por um exemplo, imaginem um estado autoritário que tenta controlar demasiado o que as pessoas fazem por sua livre iniciativa e as pessoas então gritam por liberdade. Pois bem, o estado prende essas pessoas, mas o grito pela liberdade continua. É possível capturar os corpos mas não é possível capturar as vozes, por assim dizer, impessoais e colectivas. Como diz o homem de smoking na peça de teatro O Mundo Começou às 5 e 47 de Luiz-Francisco Rebello:
“Nos sítios mais inesperados se ouvem essas vozes: no molho de couves que a criada compra de manhã no mercado, no bigode do condutor que nos vende o bilhete do carro eléctrico, no sorriso da prostituta que nos desafia... É de endoidecer!” Mas o pior, o pior são todos os que morreram e tiveram o cuidado de enxotar a sua voz para longe da morte.”
Se o assunto é este, então onde está o corpo e onde está a voz? O que nos junta e o que nos separa?
Apresentação e texto / Miguel Castro Caldas
Objecto cénico / Sara Franqueira
duração - 30 minutos.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.