A MUTE tem o prazer de anunciar o segundo curso de filosofía que irá ter início no dia 7 de Fevereiro de 2018. Decorrerá às quartas-feiras das 19:30 às 21:00 e terá 8 sessões. Professor responsável: Pedro Miguel Arrifano (regime de voluntariado) Horário: 4ª feira das 19:30 às 21:00 Início: 7 de Fevereiro a 28 Março de 2018 Nº de Sessões: 8 – aulas semanais Preçário: 30€ (inscrição) + 150€ (se esta quantia for paga a pronto é oferecido o valor da inscrição) 30€ (inscrição) + 120€ para ex-alunos (com as mesmas condições de pagamento) ***Mais informações www.muteart.org / mute@muteart.org*** _____________________________________________________ Apresentação do curso: A historiografia é do âmbito da arte da guerra, daí que não seja surpreendente que em torno dela abunde um ambiente de segredos-defesa, onde assuntos como o combate, as relações de força, a elaboração de estratégias, as táticas para a executar, o gerir de informação, o silêncio, o enfatizar do óbvio, servem para determinar/julgar aqueles que devem ser louvados e os que devem ser desprezados. A história mostra que é complacente para uns e impiedosa para outros. Tudo isto pode ser ampliado para a historiografia da filosofia onde sucede o mesmo. E não deixa de ser espantoso que a filosofia, sempre tão pronta a ensinar historiadores ou geógrafos sobre a maneira de praticar a sua arte, caia também na armadilha de evitar aplicar na sua própria paróquia o que critica nas capelas que lhe são vizinhas. Que interesse tem em dissimular os segredos de fabricação de um corpus unificado onde de um lado estão os benditos e do outro os malditos? Na realidade, quem escreve a história da filosofia, ou, quem diz a verdade filosófica? Onde se esconde o seu demiurgo? As oito aulas que proponho neste curso, visam analisar alguns filósofos malditos: Pensadores que não apreciam as grandes avenidas ou “consensos”. Preferem os atalhos, as margens e os temas provocadores. Estes são pensadores que adoptam como princípio de análise uma suspeita que existe sempre por detrás das crenças tradicionais, por detrás dos “bons e velhos valores“ pretensamente nobres, puros e transcendentes, interesses escondidos, escolhas inconscientes, verdades mais profundas e muitas vezes inconfessáveis. • Epicuro “Não fui; fui; não sou; não me importo” Nesta aula, viajaremos com Epicuro através da sua “Carta a Meneceu”. Na obra, o filósofo medita sobre as causas de infelicidade humana e mostra quais são os remédios com o propósito de atingir a ataraxia. Trata-se de uma medicina da alma, que nos ensina a conduta a adoptar a respeito dos nossos medos e desejos. • Hobbes “O poder aos fortes” Na obra “Leviatã”, Hobbes procede ao diagnóstico das causas gerais para a discórdia / conflito e identifica uma cura para estes males. Os argumentos centrais apresentados na obra dizem respeito à questão de saber por que é que se revela sensato para os indivíduos consentirem em ser governados por um soberano poderoso. Por detrás da obra está a questão de como agir de modo a que a política se torne verdadeiramente uma ciência política capaz de assegurar um domínio, uma supremacia. • Espinosa “Nem rir nem chorar; compreender” A ideia da “Ética Demonstrada de um Modo Geométrico” passa por compreender como elevar a nossa natureza a uma maior perfeição. O tema de Espinosa é o Universo e o nosso lugar nele – a natureza da realidade. Para o controverso filósofo, a metafísica e a ética eram inseparáveis. • Sade “Os prazeres da crueldade: faz aos outros o que não queres que te façam” O senso-comum associa o nome do Marquês de Sade ao demoníaco, ao satânico, ao infernal. Para completar o quadro, se alguns conhecem o nome do escritor, todos conhecem o substantivo sadismo que dele procede mas poucos realmente leram esse tratado filosófico: “Os 120 dias de Sodoma”. Homem de letras e filósofo, delinquente sexual e relacional, marquês oportunista, encarnação do feudalismo mais intratável, revolucionário durante a revolução, sem escrúpulos, goza de uma rara fascinação até aos dias de hoje. • Schopenhauer “O pior dos mundos possíveis” A filosofia de Schopenhauer propõe uma visão de mundo pessimista que irradia de uma escuridão magnífica que encontramos na obra volumosa “O Mundo como vontade e representação”. No entanto, o que é mais raramente dito, é que ela é composta também de uma luminosidade que trespassa essa escuridão e impede que a negatividade tome conta de tudo. • Nietzsche “A morte de Deus” No seu livro “A Gaia ciência”, Nietzsche pôs a frase “Deus morreu” na boca de uma personagem que segura uma lanterna e que procura Deus em toda a parte, mas não o encontra. Os aldeões julgam-no louco… • Albert Camus “O ser-humano é uma paixão inútil” Um tema fundamental do existencialismo é o caracter absurdo da nossa existência. Camus usou “o mito de Sísifo” para explicar o absurdo humano. A vida humana tal como a tarefa de Sísifo é totalmente inútil. Não tem qualquer finalidade: não há explicação para nada. É absurda… • Foucault “A morte do homem” A introdução do homem no campo do saber põe em causa, pelo estatuto sujeito-objecto, a própria cientificidade das ciências humanas. A auto-reflexão, fundamento de toda a certeza, torna-se paradoxalmente o lugar da própria incerteza. A introdução do homem como objecto do homem é sinal do seu desaparecimento inevitável. Pedro Arrifano ___ http://www.muteart.org/pt/filosofos-malditos-por-pedro-arrifano/