O início de Outubro ficou marcado por eleições. Pelas nossas, para o poder local, que decorreu com o nível de abstenção a que já achamos normal; e as da Catalunha, marcadas por uma violência parva e escabida. Dois actos eleitorais tão perto um do outro e tão diferentes entre si. O resto do mês, no Clube de Cinema de Setúbal, também vai ficar marcado pelos actos eleitorais. De diferentes natuezas, em contextos distintos. Três filmes para ver, como sempre, na Casa da Cultura de Setúbal, às quintas-feira, com início às 21h30 e bilhetes a 1 euro. Dia 12 - Manobras na Casa Branca (Wag the Dog), de Barry Levinson (1997) - 97m. Em vésperas das eleições às quais tenta renovar o seu mandato, o presidente dos Estados Unidos vê-se envolvido num escândalo sexual. A solução? Contratar um produtor de Hollywood, encenar uma fictícia guerra na Albânia e desviar as atenções, até as eleições ficarem resolvidas. Esta sátira, que em 1997 parecia ser pura e simplesmente ficção, hoje em dia já não soa tão descabida quanto isso. "Manobras na Casa Branca" teve duas nomeações ao Oscar, graças sobretudo a dois actores em estado de graça (Dustin Hoffman e Robert de Niro), e continua a ser actualmente um dos melhores filmes sobre eleições que encontramos do outro lado do Atlântico. Dia 19 - Napoleon Dynamite - Um Novo Herói (Napoleon Dynamite), de Jared Hess (2004) - 96m. O humor dos filmes de Jared Hess é tão seco, que faz o humor britânico parecer o mais eloquente do mundo. "Napoleon Dynamite - Um Novo Herói" foi um pequeno fenómeno de culto, que o revelou ao mundo e o tornou num dos principais nomes da comédia do circuito independente, num filme sobre um inadaptado do liceu, que decide ajudar o seu novo amigo, Pedro, a ganhar as eleições para a comissão de estudantes da sua escola. Contra tudo e contra todos, Napoleon Dynamite vai chocar de frente com todas as probabilidades e previsões, provando que disfuncionais somos todos nós. Dia 26 - Eleições (Election), deAlexander Payne (1999) - 104m. Assim que estreou, "Eleições" tornou-se num clássico instantâneo, emulando o espírito feelgood dos filmes de adolescentes dos anos 80, mas com um twist no meio. O realizador Alexander Payne contava aqui a primeira das suas várias demandas normais do dia-a-dia de pessoas normais: um professor que se envolve nas eleições para a associação de estudantes da sua escola e uma aluna obcecada em ganhar, que servem de metáfora ao sistema político, assim como à hierarquia e às relações de poder da escola e da sociedade em geral.
