Como tem sido habitual nos últimos anos, voltamos a associar a programação do Clube de Cinema em Maio às comemoração do mês da multiculturalidade por parte da Câmara Municipal de Setúbal. Serão três filmes provenientes de três países bem diferentes, que aboram contextos socio-culturais bem distintos, mas que têm em comum o facto de serem todos grande cinema. Como de costume, às quintas-feira na Casa da Cultura de Setúbal, a partir das 21h30 e com bilhetes a 1 euro. PROGRAMAÇÃO: Dia 11 - Gato Preto, Gato Branco (Crna macka, beli macor), de Emir Kusturica (1998) - 127m. Foi com "Gato Preto, Gato Branco" que o sérvio Emir Kusturica atingiu o seu zénite, num filme que se tornou numa obra de culto e a favorita de muito boa gente. Nele encontramos todas as marcas que enformam o corpo de obra de Kusturica: a música dos balcãs, o caos felliniano, a guerra jugoslava em pano de fundo e um bestiário extenso, que fazem de "Gato Preto, Gato Branco" um drama burlesco sobre a vida em tempo de guerra. Dia 18 - Abril Despedaçado, de Walter Saller (2001) - 105m. Foi com este filme de Walter Salles que o actor Rodrigo Santoro ganhou projecção internacional, independentemente do seu manhoso sotaque inglês. Candidato ao Oscar em 2001, "Abril Despedaçado" é um revenge movie sobre um jovem que tem que vingar o seu irmão, obrigado pelo pai, uma vez que era essa a tradição. Ambientado no nordeste brasileiro do século passado, o filme é um western alternativo, com vaqueiros e boiadeiros em vez dos cowboys tradicionais. Dia 25 - O Bunker (Der bunker), de Nikias Chryssos (2016) - 85m. Nos últimos tempos tem havido uma estranha obsessão entre os germânicos e os austríacos e as caves nas suas casas, relação esta alimentada por alguns casos reais mais estranhos que a própria ficção. "O Bunker" segue esta tradição, ao acompanhar a estadia de um jovem que procura refúgio numa estranha residência, em busca de sossego e inspiração para escrever um trabalho científico. O realizador, Nikias Chryssos, parece também aproveitar a sua ascendência grega ao influenciar-se no novo cinema da Grécia, em que o absurdo serve de espelho à actualidade. Uma comédia perturbadora para rir de nervoso.
