Já sabemos que Junho é o mês da Ilustração em Setúbal, quando esta se torna na capital nacional do desenho com a Festa da Ilustração - É Preciso Fazer um Desenho? E este ano ela transborda para o Clube de Cinema de Setúbal, que aproveita o mote para apresentar quatro filmes com relação directa com a banda-desenhada, a ilustração e o cartune. Como habitual, as sessões decorrem à quinta-feira na Casa da Cultura de Setúbal, sempre com início às 21h30 e com o preço simbólico de 1 euro. PROGRAMAÇÃO: Dia 8 - Mundo Fantasma (Ghost World), de Terry Zwigoff (2001) - 111m. "Mundo Fantasma", a banda-desenhada underground de culto de Daniel Clowes (que assina inclusive o argumento), é uma banda-desenhada que nada tem a ver com os habituais super-heróis e respectivas paranormalidades. É um universo de que mergulha de cabeça numa realidade fora do mainstream. Aliás, numa realidade que despreza o próprio mainstream. É antes um mundo de gente inadaptada, longe de ser condescendente perante os gostos tomados como garantidos. Uma espécie de Woody Allen realizado pelos irmãos Coen, que foi também um dos papeis inicias de Scarlett Johansson. Dia 15 - American Splendor, de Shari Springer Berman & Robert Pulcini (2003) - 101m. "American Splendor" é a adaptação ficcionada biográfica da auto-biográfica revista americana de banda-desenhada underground de grande sucesso, com o mesmo nome, de Harvey Pekar. Com o próprio Pekar a fazer de narrador, Paul Giamatti desenha um retrato fiél (o papel da sua vida, quiçá) do maníaco-depressivo Pekar, num exercício cinéfilo muito agradável entre cinema e banda desenhada. Andy Pekar foi o grande anti-herói da BD, uma espécie de Andy Kaufmann da nona arte. Dia 22 - Gainsboug - Vida Heróica (Gainsbourg (Vie Héroïque)), de Joann Sfar (2010) - 135m O filme biográfico sobre o músico e ícone francês, Serge Gainsbourg, é um daqueles biopics que, entre a realidade a ficção, prefere sempre a segunda. Foi essa a forma que Joann Sfar, autor com pergaminhos no mundo da banda-sonora, encontrou para contar no grande ecrã a vida e a obra do maior provocador e revolucionador da chanson françoise. Tão subversivo quanto o próprio Gainsbourg, este biopic é um filme único e de uma abordagem pouco convencional e ortodoxa. Dia 29 - Crumb, de Terry Zwigoff (1994) - 119m. Richard Crumb foi um dos mais icónicos e controversos autores de toda a cultura pop. Portanto, um documentário sobre a sua vida e obra não poderia ser menos provocador. Dizem as más línguas que, aquando da sua projecção para a Academia para ser considerado para os Oscares, esta foi interrompida pelos críticos ao fim de 20 minutos, que estavam completamente em choque. Terry Zwigoff, que foi amigo pessoal de Crumb, explora o seu passado, remexe nos seus fetiches, aborda a sua misoginia e assina um dos documentários mais desconcertantes da história do documentário.