A Melodia Áspera de Um Deserto

A Melodia Áspera de um Deserto

Latoaria
5, 6, 8 e 9 Maio 2017
21:30 horas

Uma mulher atravessa uma paisagem árida, sozinha procura reconstruir uma espécie de dignidade perdida com delicadeza que por vezes é destruída por um cinismo, por uma sensação cáustica de quem perdeu. A derrota nem sempre é símbolo de fraqueza, a derrota pode também surgir da incapacidade de
alguém se adaptar aos fracos ideais de uma sociedade condenada aos delirantes percursos do poder que constrange os corpos e inibe a possibilidade de uma existência plena. Em épocas de catástrofe a identidade transforma-se num assunto político de extrema importância, conseguir dizer Eu pode ter a força de uma acção revolucionária. A beleza como possibilidade de resgate, quando as paisagens destruídas, autenticas ruínas da condição humana se transformam num deserto em que as miragens desaparecem para dar lugar aos fantasmas.
A morte da ilusão é substituída pelo confronto violento com o passado e uma saudade de um futuro que nunca mais se vai poder materializar. Somos obrigados a regressar à nossa condição de seres que irremediavelmente estarão sós. Hoje pensei na delicadeza e na forma como ela pode alterar as paisagens e os corpos e por isso ter a força de uma acção violenta. Acredito na violência e nunca na ignorância, apesar das pessoas tentarem confundir estes termos.
Acredito na violência enquanto princípio de mudança. As pessoas esvaziaram a palavra violência do seu verdadeiro sentido, a violência será sempre um gesto, uma acção, um vestígio de caos, por isso é que eu amo o corpo e as suas fraquezas. Um corpo exausto numa arquitectura trágica atravessada por sombras de ridículo, uma boca com sede, um olhar que anuncia vestígios de inferno.
Uma ópera que morre…
Tiago Vieira

Encenação, Dramaturgia, Espaço Cénico e Figurinos
Tiago Vieira

Interpretação
Sandra Hung

Construtores
Anabela Ribeiro,
Ana Libório
Luís Gomes

Espaço Sonoro
Teresa Machado

Direcção Técnica
Luís Gomes

Produção Executiva
Ana Sêrro

Design de Comunicação
Miguel Pacheco Gomes

Fotografia
Luís Aniceto e Vítor Cid
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Apoios e Parcerias:
Câmara Municipal de Almada
Departamento de Ciências Sociais Aplicadas,
FCT UNL
Associação AJAGATO
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