LAMBER-TE Exposição de ilustração e pintura Ana Stela Cunha e Rodrigo Ribeiro Saturnino (ROD) 8 a 31 Jan. Inauguração 8 Jan. 19h Largo Café Estúdio, Largo do Intendente, 16 Obras em exposição à venda. Ana Stela Cunha apresenta, nesta exposição, parte de seu trabalho de colagens de/na rua, intervencionista. Os “lambe-lambe” têm sido um dos meios utilizados para denúncias irónicas. Mulher, brasileira e imigrante há 17 anos, experimenta através das colagens uma fusão entre a linguagem da rua e a dita “norma culta”, como herança de sua passagem pela Linguística no universo académico. Depois de “migrar” para a Antropologia passa a interessar-se ainda mais profundamente pelas relações entre género, linguagem, poder, “raça”. Com um longo trabalho académico que aspira este diálogo com as artes, busca no audiovisual e nas colagens novas epistemologias para repensar relações de poder, trânsito e identidades. Em parceria com o artista ROD têm elaborado materiais distintos daqueles que habitualmente utiliza, recriando uma nova estética em diálogo com os conteúdos. Nesta exposição, ROD apresenta algumas obras (pinturas, ilustrações e posters) que fazem parte do seu trabalho como “activista gráfico”. Como artista queer negro e imigrante em Lisboa, ROD utiliza o homoerotismo, a sexualidade e os processos coloniais de produção de um corpo negro como chaves críticas para questionar algumas idealizações erradas em torno de uma masculinidade heteronormativa. No seu trabalho, o artista utiliza formas gráficas, linhas simples e cores sólidas para compor imagens que se destacam através de corpos, rosto e posições garimpadas da sua memória e do seu imaginário. Neste processo, ROD vai tentando expressar-se em contraposição a uma representação falsificada de virilidade absoluta e máscula do homem negro que se concentra no pénis e no seu entorno e rejeita a sua feminilidade, a sua homossexualidade e a sua transgeneridade. O trabalho do artista, uma tentativa pessoal de criar não só um objecto estético, mas também um objecto de protesto e afirmação. Protesto contra o insistente esforço da arte heteronormativa colonial em retirar de cena artistas negres queer e os seus corpos e afirmação de uma masculinidade negra e queer que não depende do olhar arcaico da arte europeia e da sua estética pastel e sem cor. Uma masculinidade que existe na complexidade do ser humano, com um rosto, uma cultura e tudo o que compõe a sua identidade. BIOS Ana Stela Cunha é Doutorada em Linguística Africana pela Universidade de São Paulo (USP) e Pós Doutorada em Antropologia Social pelo ICS (U Lisboa) e CRIA (UNL). Leccionou na Universidade de Havana (Cuba) e é Professora Adjunta na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Foi pesquisadora convidada do Museu Real de África Central (Tervuren, Bélgica). Investigadora do CRIA (UNL), ISCTE (UL) e CITCEM (Uminho). Proponente e coordenadora de projectos em quilombos no Maranhão (Brasil). Presidente da Associação Kazumba, membro do IMUNE- Instituto da Mulher Negra Portugal. Realiza etnodocumentários e investigações sobre musicalidades centro-africanas na diáspora. Membro do EducAR. Actualmente coordena o projecto VIBE (Voices of Iberia in Black Europe) em parceria com LA RAMPA e o Grupo EducAR, com financiamento do Europe Cultural Fund Solidarity, onde actua com residência com a banda Yoka Kongo! no Largo Residências como produtora e backing vocal. Produz lambe- lambe em parceria com artistes brasileires e lisboetas. Instagram: @anastelacunha @associacaokazumba Rodrigo Ribeiro Saturnino, aka ROD, Artista Visual, Doutor em Sociologia e Investigador Pós-Doc em Comunicação na Universidade do Minho. Desenvolve uma pesquisa sobre a economia da partilha e o racismo algorítmico através de plataformas digitais. É membro da Djass – Associação de Afrodescendentes. Integra a equipa de coordenação do projeto Black Queer, uma plataforma digital em desenvolvimento com o objectivo de mapear a arte realizada por pessoas da diáspora queer negra em Portugal. Instagram: @rod_lx + www.largoresidecias.com