Biblioteca Geral da Universidade de Évora
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SINOPSE «O homem ‘matchu’ (que funciona na lógica da ‘cultura de matchundadi) encontra-se (sente-se) acima da lei e a impunidade é, além do exercício da violência, uma das suas principais características. É exatamente nesta correlação ‘violência-impunidade’ que a ‘cultura di matchundadi’ se alarga, se expande e se reproduz no quadro das lutas pelo poder político e económico, em que se encontram e se desafiam os protagonistas desta forma de masculinidade hegemónica. A cultura di matchundadi tem sido o motor da vida política guineense e sem a exacerbação e a institucionalização desta forma de masculinidade hegemónica, o sumo que tem regado a política guineense desapareceria. Entre tramas, traições, mortes, destituições, eleições, nomeações, transições políticas e golpes de Estado. A cultura di matchundadi, hipermasculina, move-se dentro das estruturas do Estado, procurando fazer da matchundadi endémica uma matchundadi sistémica. Ou seja, procura institucionalizar um modus operandi e uma visão do mundo na qual impera a lei do mais forte, do mais poderoso e sobretudo do mais violento, ao mesmo tempo que esta hipermasculinidade traduz as características associadas aos homens e às masculinidades, tais como a redistribuição dos recursos, a proteção (e enriquecimento) do seu clã e a ameaça permanente aos adversários políticos. Assim, a cultura di matchundadi é altamente performativa, mas com consequências que colidem com o ambiente democrático e a paz social, pois vive do mimetismo político e assenta no confronto constante, na demonstração de força de uns sobre outros.» Joacine Katar Moreira Uma edição do Teatro Praga| Editora Documenta / Sistema Solar (chancela ed._______, 2020) CRÍTICA «Indispensável. Numa palavra seria esta a qualificação do livro de Joacine Katar Moreira que aqui se apresenta. E indispensável por múltiplas razões: porque permitirá à leitora e ao leitor aprender tanto como aprendi eu sobre a história contemporânea da Guiné-Bissau; porque desenvolve uma análise fina e sofisticada de como essa história foi e é, também, organizada por um dos processos primordiais de todas as sociedades humanas — o género; porque aponta claramente um dos elementos centrais, até aqui oculto de toda e qualquer análise sobre a realidade guineense, geradores da instabilidade e violência dos processos sociopolíticos da Guiné-Bissau — as formas de (hiper)masculinidade hegemónica que monopolizam a competição pelo poder estatal.» Pedro Vasconcelos
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