Biblioteca Geral da Universidade de Évora
Largo dos Colegiais, 2 7004-516 - Évora Ver website
A Máquina Humana é a proposta artística de Euclides Fernandes apresentada nos espaços da Biblioteca, e é o resultado de um trabalho que traduz uma abordagem pictórica futurista, onde o artista reflete a imagem de um homem-máquina apartado da sua génese original. É uma exposição que nos procura colocar numa posição de reflexão sobre os efeitos impactantes que as novas tecnologias têm vindo a provocar no modo e na forma como vivemos os dias de hoje. E como isso, apesar da conexão digital, nos influencia e nos afasta nas formas mais elementares de sociabilização. Progressivamente, como resultado da revolução tecnológica, máquinas e sistemas operativos em rede, baseados na IA inteligência artificial, aceleram e automatizam a sociedade e a economia no seu todo, desafiando o gradual distanciamento de um saber fazer orgânico, cada vez mais separado de um saber fazer integral. Expectantes, assistimos hoje a uma transformação galopante de modos de ser, de estar e de fazer coletivo, que muito tem contribuído para algumas das alterações mais significativas que vivenciamos presentemente nas sociedades contemporâneas, e com impactos a diferentes níveis, quer ao nível relacional e filosófico, económico-social e ambiental, quer ao nível do ensino e da investigação científica, e da própria psicodinâmica do trabalho. Nesse sentido, segundo esta abordagem, o trabalho artístico de Euclides Fernandes retrata e reflete a expressão humana moldada pela revolução tecnológica em curso, evidenciando um homem-máquina que, afetado pelo distanciamento do que lhe é natural, se vê a braços com uma crise de valores, sentindo-se na necessidade de se (re)colocar numa posição de consciência e reflexão. Que evolução/transformação, e que comunicação/relação do homem entre si e o meio, poderemos nós esperar, à medida que a aceleração tecnológica e a sistematização da conexão digital, e da IA evolutiva, centralizar a nossa odisseia no espaço ? Será possível pensarmos o homem-máquina, com a robótica que tudo resolve e transforma, sem que tenhamos presente o escrutínio fundamental, assente nessa tão incrível analogia da intenção e do afeto, ausente na máquina e na IA, mas tão caraterística dos humanos? Onde e como ficará o pensamento e a ação, quando nos detivermos perante máquinas altamente/artificialmente inteligentes, criadas para auxiliaram a humanidade, mas que deixam o seu maior capital (as pessoas) de fora? Consciente de que as artes ocupam um papel determinante no seio de qualquer sociedade, o artista acredita que com as suas figuras da mecânica robot está a contribuir para uma filosofia pictórica, numa visão futurista e otimista, que revela máquinas e humanos como seres antagónicos, mas que ao mesmo tempo partilham de competências e de fragilidades humanas, num mundo para lá do inimaginável. Rute Marchante Pardal| SBID.UÉ Dinamização Cultural JUN 2023
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