Max Fernandes e James Newitt Caves dos sonhos esquecidos - Lacuna curadoria: José Almeida Pereira 5 Janeiro a 2 Fevereiro, 2019 Inauguração - 16h, Sábado 5 Janeiro A_artes Rua Julio Dinis s/n (Pavilhão s/ número) 4050-175 Porto Em 2010 saiu nas salas de cinema um dos muitos filmes de Werner Herzog, com o título “Cave of forgotten dreams”. Esta estreia coincidiu com um tempo em que os sonhos dos portugueses teriam de ser revistos de modo a não se tornarem pesadelos. Este filme trata da visita e análise a uma gruta em França que parece conter das pinturas rupestres mais antigas até agora encontradas. Foi o primeiro e único filme que Herzog realizou com uma câmera de duas lentes, mais conhecida por produzir filmes para visualização 3D. A decisão partiu da primeira deslocação que o realizador fez à gruta. Seria a melhor solução para oferecer ao espectador o sentido daquilo que provavelmente nunca poderá assistir ao vivo (a gruta está estritamente proibida a visitas, apenas técnicos e especialistas têm acesso, uma ou duas vezes por ano, de modo a preservar o seu habitat). O que se vê é uma viagem pelas maravilhas da arte dos primeiros homens. A elegante manipulação dos meios disponíveis para registar nas paredes as suas visões. Ao longo do filme vamos percebendo que as mentes que projectaram aqueles registos eram refinadas e completas. Não há nada ao longo da história da humanidade que tenha superado aquela consciência, pois o sentido das formas, o movimento, o tempo de intervalo das figuras está soberbamente ajustado às qualidades das pedras que acolhem aquelas marcas. A arte ainda hoje se faz de um modo equivalente. Nas “grutas”, sendo reais (caves, estúdios, salas) ou alegóricas (computadores portáteis, salas de reunião, cafés, aviões), o que prevalece é essa disposição em transe, esses momentos em que nos despimos das funções do quotidiano e deixamos os sentidos navegar pelas notas livres da realidade até escutarmos as ondas que nos são síncronos. Este foi o mote para um conjunto de exposições de pares de artistas, próximos na partilha de ideias e ilusões em relação ao espírito da arte. Depois da exposição que colocou em diálogo os "monocromos" a grafite sobre papel e lixa de água de Paulo Lisboa, com as pedras/esculturas/assemblages de Cristina Regadas; nesta segunda exposição, com James Newitt e Max Fernandes, serão apresentados trabalhos de dois artistas que se dedicam preferêncialmente à imagem em movimento. Os filmes de ambos, com temáticas bem distintas, interceptam-se em algumas coincidências formais mas também na manifestação de hiatos, quer sejam eles simbólicos, no caso de Newitt, quer sejam sociais e urbanísticos no caso de Fernandes. As suas intervenções expandir-se-ão ao registo sonoro e gráfico, num diálogo direto com a arquitectura do espaço A_artes. José Almeida Pereira James Newitt (1981 Hobart, Tasmânia). http://www.jnewitt.com/ Artista, realizador e professor de Artes Visuais.Vive em Lisboa, Portugal e Hobart, Tasmânia. Expôs individualmente e em grupo na Australia, China e Europa, ex: Appleton - Associação Cultural (2019); Art Gallery of New South Wales (2019 and 2013); Contemporary Art Tasmania (2018); Ar Sólido, Lisboa (2016); Carriageworks, Sydney (2015); 4A Centre for Contemporary Asian Art, Sydney (2015); Lumiar Cité Lisboa (2013); Gallery of Modern Art, Brisbane (2012); Tasmanian Museum and Art Gallery, (2011); Musuem of Contemporary Art, Sydney (2010); Gallery of Fine Arts, Split (2010); e na Art Gallery of South Australia (2008). Recebeu as Bolsas do Australia Council for the Arts International para residência em Liverpool e Los Angeles; Samstag International Scholarship para participar no programa da Maumaus em 2013. Em 2010 Newitt ganhou o City of Hobart Art Prize e em 2012 o Qantas Foundation Contemporary Art Award. Foi um dos membros fundadores, de 2002 até 2006, e director da galeria independente INFLIGHT em Hobart, na Tasmânia. Professor de arte na Escola de Artes da Universidade da Tasmânia e foi um professor convidado no City University of New York e o Tromsø Art Academy, Universidade de Tromsø, Norwega. Max Fernandes (1979 Guimarães, Portugal). http://maxfernandes.net/ Mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas pela Faculdade Belas Artes da Universidade do Porto (2008), e frequentou o Programa de Estudos Independentes da Escola de Artes Visuais Maumaus na sua residência em Guimarães (2012) e em Lisboa (final de 2013). Exposições individuais: Cão-Rio (saco de arroz cozido no chão), Uma Certa Falta de Coerência, Porto, 2016; Bola de cristal, Mucho Flow 2015, Centro para Assuntos de Arte e Arquitectura, Guimarães; Trabalho, Uma Certa Falta de Coerência, Porto, 2013; e O pássaro voa por onde tem espaço, Galeria Gomes Alves, Guimarães, em 2011. Exposições colectivas: Território Trabalho–10 anos Laboratório das Artes, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães e Bienal da Maia–Momento I–Viagem ao Princípio do Mundo, Fórum da Maia, ambas em 2015. Das projecções de filmes e vídeos: Ciclo em torno da obra videográfica de Max Fernandes, Gato Vadio e Playlist #9 – café-livraria Candelabro, ambas no Porto, em 2017. Organizações e gestão de espaços de exposições: O Sol Aceita A Pele Para Ficar, desde 2015, e Laboratório das Artes, entre 2004 e 2006, ambos em Guimarães. Dos projectos na comunidade: Assembleias Populares da Caldeiroa, Guimarães; Clases en el monte, em Puebla de Sanabria, Espanha; Rastilho; e Tecer Outras Coisas, ambos em Pevidém, Guimarães.