Apresentação do livro "O Apocalipse segundo Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz" de Paulo Borges. Com declamações de Ângela Santos, Daniela Velho, Maria Paula Lourinho e Paulo Borges "Sozinho, no cais deserto, nesta Hora sem tempo Olho pro lado da barra, olho pro Infinito Olho sem olhos, corpo-alma transido de saudade Olho a fúria deste céu de crepúsculo e tempestade E a Distância começa em mim a girar A Distância começa em mim a girar A Distância começa em mim a girar Sou A-que-não-é, A-que-não-foi, A-que-jamais-será A matriz imensa que a tudo dá à luz, nutre, reabsorve e recria A mãe, irmã, esposa e amante de todos os seres e coisas O Alfa-Ómega A Toda-Poderosa que nada pode senão tudo amar A infinita saudade que há em todas as coisas O Infinito-Saudade Não apareci senão para te iniciar ao Amor Para te insuflar boca na boca o Fogo-Sopro do mundo Para unirmos os corações ardentes No íntimo da carne iluminada Ah, quem me desencantará? Quem me reconhecerá? Quem me beijará o coração? Quem me amará e fecundará? Quem erguerá a mão, encontrará hera E verá que “ele mesmo era A Princesa que dormia”? Cesse aqui todo o pensamento, imaginação e linguagem Dissipem-se todos os véus de conceitos, palavras e símbolos Finde tudo o que a musa antiga canta Que outro valor mais alto se levanta Nada acrescentemos ao espanto, perplexidade e maravilhamento Deste imenso esplendor e prodígio! Vinde a nós, ó vós todos em cujo íntimo desde sempre habitamos! Vinde a nós, ó vós todos em cujo coração agora mesmo ressurgimos! Vinde, ó vinde, vós todos que sois Todo o Mundo e Ninguém! Ó vós todos, povos-seres de todo o cosmos que trazeis no coração um Mundo Novo! Aqui e Agora vos convocamos É a Hora da Grande Mutação A Hora das Horas A Hora dos quatro tempos refluírem para o centro anterior a tudo E ressurgirem como o Quinto O Império sem império A Era sem tempo A Era sem era do despertar da consciência-coração na visão-amor universal! Ó excelsas irmandades e confrarias do Quinto Império sem império nem imperador a não ser a coroada criança que dança de roda e olhos atónitos num rodopio de espantos, pombas e rosas! Ó excelsas irmandades e confrarias do Império do Santo Espírito, que ninguém sabe de onde vem nem para onde vai, sopra onde quer e fala um silêncio de todas as línguas! Ó excelsas irmandades e confrarias dos amantes andróginos, que conduzem ao altar interno o masculino e o feminino e o unem em Núpcias mais vastas que o espaço que explodem em festas e folias de amor por todos os seres e coisas! Vinde a nós, ó vós todos, que é a Hora! É a Hora! A Hora! Agora! Valete, Fratres! Saúde, Irmãos!" Entrada Livre Aceitam-se donativos para a prossecução destas actividades