Após uma semana de ausência, estamos de volta com alguma da melhor música que se faz actualmente em Portugal. No próximo sábado, dia 27, a Lovers & Lollypops toma conta do mais puro som no Jardim Das Virtudes em Miragaia, Porto, Portugal. A editora/promotora do Milhões de Festa não esquece o último fim-de-semana do nosso querido mês de Agosto e trouxe-nos a melhor das prendas com os concertos de Surma, Glockenwise e, last but not the least, um DJ set do Lovers & Lollypops Soundsystem. Encontramo-nos lá! Em 2015 festejaram o 10º aniversário com direito a festa de gala, contudo a celebração nunca é demais para esta estrutura sediada na cidade do Porto, pelo que em Agosto propõem os Glockenwise, SURMA, e um DJ7 em nome próprio, para animar mais uma tarde solarenga no já obrigatório spot de verão, o Jardim das Virtudes. Glockenwise “Quando se pressiona o interruptor espera-se que uma série de processos mais ou menos mágicos determinem o resultado final: luz. Fazer play em Glockenwise costuma ter um efeito semelhante, imediato, electricidade e urgência a atravessar fios invisíveis, fotões a colorir a sala cheia de gente disposta a aproveitar o berro da lâmpada que já ameaça fundir. Faço um compasso de espera, a dois passos da porta de Heat, o terceiro álbum dos quatro rapazes de Barcelos. Avanço, abro a porta que range, o interruptor não funciona. Ouve-se “Cardinal”: o porteiro antipático; um curto-circuito; não há voz; há fantasmas de outras músicas e de outro tempo; há suor e a luz espessa e intermitente de um candeeiro esquecido a um canto. Sigo para a canção – nunca esta palavra lhes assentou tão bem – que dá nome ao álbum e apesar da sala escura juraria ter visto o Morrisey a atirar flores à multidão ressuscitada do CBGB ou da Hacienda. Em “Eyes” e “Time (Is a Drag)”, os Glockenwise desvendam definitivamente esse lugar ambivalente onde agora escolhem morar, por um lado escuro e romântico, por outro – mais do que nunca - sónico e incandescente. Incendeiam o conceito de “difficult third album” e deixam ver por entre as chamas que este é só o início (mais um). A casa está cheia de fumo e convidados ilustres, sofisticados. Na última sala há Buzzcocks, Stone Roses, Stooges, triturados na engrenagem de uma máquina pop a que chamaram “Lasting Lies”. Há faíscas a beijar os cortinados, risco de catástrofe, isto não é para meninos. Precipito-me para o exterior e debaixo do alpendre a arder recordo a pergunta que me fizeram à entrada: “can’t you feel the heat that is coming your way?”. A resposta é, obviamente, sim.” André Simão (Dear Telephone / La La La Ressonance) https://www.facebook.com/theglockenwise/?fref=ts http://theglockenwise.bandcamp.com/ Surma Débora Umbelino tem 21 anos e chega de Leiria, mas o que nos traz vem de locais bem mais exóticos. Surma é o seu projecto one-woman-band onde domina teclas, samplers, cordas, vozes e loop stations em sonoridades que fogem do jazz para o post-rock, da electrónica para o noise e nos levam para paragens mais ou menos incertas, com paisagens desconhecidas e muito prazer na viagem. Os últimos quatro anos foram passados entre módulos de voz e contrabaixo no Hot Clube de Portugal e o início de um curso de pós-produção audiovisual. Os últimos quatro meses foram passados na estrada em mais de trinta concertos a solo, entre Portugal e Espanha, com um curto interregno para gravar este seu primeiro tema, Maasai. Um registo que conta com a produção de Emanuel Botelho (ex-Sensible Soccers) e mistura e masterização de Paulo Mouta Pereira, produtor dos Les Crazy Coconuts e músico de David Fonseca. O vídeo, concebido e filmado por Eduardo Brito (que já havia realizado "Shoes For Man With No Feet" dos First Breath After Coma), conduz-nos numa viagem de procura e desencontro na cidade fantasma de Doel. Surma é um dos mais recentes nomes da Omnichord Records e o seu primeiro disco sairá no próximo inverno. Facebook: https://www.facebook.com/surmapt/?fref=ts