Re: Antígona mata a Antígona, de todas as formas que se lembrar, para lhe dar a morte a que nunca teve direito
A sério, estou morta. Estou mesmo morta.
Morta morta morta. Morta. Morri. Morta. Morri.
Absolutamente morta. Morta de morta.
Mortérrima. Morta morta morta
Antígona, imortalizada por Sófocles, tem sido ao longo de séculos protagonista de peças de teatro dramático, de Kleist a Anouilh, de Cocteau a Júlio Dantas ou António Pedro bem como uma inspiração artística, das artes visuais à opera, e filosófica (Heidegger, Steiner, Lacan, Butler, Zizek, Kilomba, Honegger, etc.). Carregada de metáforas e categorias, Antígona tem sido massacrada por conceitos portadores de ideias de “bem”, “justiça”, “emancipação”, “utopia” ou “desejo”.
Re: Antígona é o oposto disso por não ser um desafio ao passado mas ao presente. Ou um reply a um passado feito de perguntas sem resposta, como uma troca de emails sem esperança de retorno. Um espetáculo que não procura produzir nada, mas que marca presença, satura e desconcerta, para irritar. Quer isto dizer que Re: Antígona reage à alegoria ou à captura da figura de Antígona para proveito das atualizações, mas também que responde a uma Arte das “mensagens” e do “sobre” pedindo um tempinho para estar sem ser.
Re: Antígona mata a Antígona, de todas as formas que se lembrar, para lhe dar a morte a que nunca teve direito.
O Teatro Praga assume-se como um grupo ou federação de artistas, com brasão e história. Como a cada espetáculo, ou dia, é outra coisa, costuma responder à pergunta sobre quem é com uma reformulação da pergunta. Ainda assim, o Teatro Praga regozija-se com a ordem estabelecida e olha para as variações imprevisíveis a que se sujeita como um modo de alargar o conceito de previsibilidade. O Teatro Praga nasceu em 1995 e está sediado na Rua das Gaivotas em Lisboa. Colabora regularmente com algumas das mais prestigiadas estruturas culturais em Portugal e tem-se apresentado em festivais e teatros de diversos países europeus (Itália, Reino Unido, Espanha, Alemanha, França, Bélgica, Hungria, Eslovénia, Estónia, Dinamarca e Polónia), em Israel e na China.
Local TAGV
Um espetáculo Teatro Praga
Criação André e. Teodósio, J. M. Vieira Mendes
Com André e. Teodósio, Inês Vaz, Maria João Vaz, Paula Diogo, Paulo Pascoal
Cenografia Tiago Alexandre
Figurinos Joana Barrios
Desenho de luz Joana Mário
Música original Miguel Lucas Mendes
Produção executiva Rita Pessoa
Direção de produção Teresa Miguel
Uma coprodução Teatro Nacional S. João, Fundação Centro Cultural de Belém
Agradecimentos Pedro Faro, Filipe Heath, Isabel Moreira, Joana Sousa, Centro Auto Alfragide
Fotografia Tiago Alexandre
Apresentações 19 — 22 set Teatro Carlos Alberto / Porto, 27 set TAGV / Coimbra, 4 a 6 out CCB / Lisboa
Fonte: https://tagv.pt/agenda/re-antigona-2/