APRESENTAÇÃO DE “CIDADE CINZA” DE SARA F. COSTA EM BRAGA
Na livraria Centésima Página, Braga
Apresentação a cargo de Mário EscóciaA editora labirinto convida os seus seguidores e amantes de literatura a assistir à sessão de apresentação do livro de ficção “CIDADE CINZA” de SARA F. COSTA
Resumo:
A Cidade Cinza acontece a quem nela vive. Nada pode ser feito em relação a isso.
É nela que começamos a seguir a história de Maddy, vinda da Costa, agora nativa de Cinza. Maddy pouco sabe, na realidade, como veio ali parar. Armada com a coragem de quem procura as suas raízes, Maddy mergulha nesta urdidura urbana repleta de espelhos e sombras. A sua jornada é um trilho de descobertas e reencontros, um desafio aos limites na busca de laços familiares perdidos no tempo.
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"O uso que Sara F. Costa faz da ficção neste romance honra muito bem a função que atribui à literatura. Com ele, a obra da autora coloca-se a par das alterações de dinâmica da sociedade e do seu tempo. Por um lado, serve de meio para representar e meditar sobre as paisagens interiores que se abriram em nós durante a pandemia, durante os quase dois anos em que fomos obrigados a isolarmo-nos de tudo o que nos era conhecido e a permanecer num contato artificial com o exterior. A irrupção do romance na tradição lírica da autora põe em evidência que hoje, mais do que nunca, precisamos deste género para nos compreendermo como espécie. E não só o género, mas os cenários oníricos que representa, englobados numa estrutura narrativa inovadora, permitem ao leitor fazer uma catarse das emoções próprias de ser humano no século XXI: a obcecada desconfiança da realidade, a abdicação da objetividade, o horror vacui da desmaterialização do mundo, onde tudo acontece dentro de uma virtualidade bizarra que determina a nossa sobrevivência dentro da tribo."
Andrea Sánchez Valencia, Revista Caliban
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A história interliga-se com as próprias vivências da autora, que residiu em Pequim, onde estudou mandarim. Trata-se de um romance experimental num ambiente cyberpunk e ficção de terror, onde os elementos da história não são colocados ao acaso.
O estilo narrativo é inspirado na própria prosa contemporânea chinesa e em escritoras um tanto desconhecidas para a maior parte do público português como Can Xue ou Shen Dacheng. Mas há espaço também para as influências de nomes como Jorge Luís Borges, Samuel Beckett ou Italo Calvino.
No primeiro capítulo de “Cidade Cinza”, descreve-se um condomínio como “uma espécie de criança impossível, atravessada entre os dentes, onde nenhum rosto humano [está] ao abrigo da dialéctica”. Foi para este condomínio que se mudaram os pais de Maddy, a personagem principal que tenta descobrir os meandros desta cidade de cor cinza.
O enredo de “Cidade Cinza” apresenta ainda uma intrínseca interconexão entre o destino dos seus habitantes e a própria essência da cidade”, sendo que a narrativa de Sara F. Costa se caracteriza por uma dissolução das fronteiras entre o real e o fantástico, onde a atmosfera é impregnada por um aroma que mescla elementos urbanos com vislumbres de uma fauna surreal.
Andreia Silva, Hoje Macau
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Sara F. Costa é escritora, investigadora e professora no ISCAP - Politécnico do Porto, assim como no Babelium - Centro de Línguas da Universidade do Minho. Licenciou-se em Línguas e Culturas Orientais pela Universidade do Minho, onde tirou também o Mestrado em parceria com a Universidade de Línguas Estrangeiras de Tianjin, China. A sua obra literária tem sido galardoada em variados certames. O seu livro “A Transfiguração da Fome” obteve o Prémio Literário Internacional Glória de Sant’Anna para melhor obra de poesia publicada em países de língua portuguesa em 2018. Tem poemas traduzidos e publicados em mais de sete línguas em várias publicações literárias por todo o mundo e foi convidada para festivais literários em países como Espanha, índia e China.
Para além da poesia, escreve também ficção e traduz literatura chinesa para português e inglês.
Encontra-se a preparar em doutoramento em Estudos Portugueses.Lançou em 2020 uma antologia de poesia contemporânea chinesa por si selecionada e traduzida, “Poética Não Oficial“ (Editora Labirinto, 2020). É membro da direção da APWT (Asian-Pacific Writers and Translators). Obteve em 2021 uma bolsa de criação literária da DGLAB. Dessa bolsa surgiu o livro “Ser-Rio, Deus-Corpo” traduzido também para castelhano e inglês. Em 2024 estreia-se na ficção com “Cidade Cinza” (Labirinto, 2024).
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Mário Escócia licenciou-se no ensino de filosofia e pós-graduação em ciências documentais. Actualmente labora na Biblioteca Central da Universidade Católica Portuguesa de Braga, situada na rua de Santa Margarida como técnico de biblioteca e arquivo. Licenciatura no ensino de filosofia e pós-graduação em ciências documentais. Foi colaborar assíduo entre 2000 e 2003 no suplemento cultural do Diário do Minho através de pequenos contos. Tem publocados os livros:
- “O batedor”, romance editado em 2001 pela Autores de braga
- “O corvo de Wotan”, editado pela Ausência em 2003