Afastando-se aqui das suas pinturas mais detalhadas e figurativas, Fabrice Samyn criou uma série intitulada “En verité je vous le dis, seul en hiver se voient les nids”(2020–21) [na verdade, digo-vos, os ninhos só se vêem no inverno], apresentada pela primeira vez na Dialogue Gallery, em Lisboa.
“Verdade” é uma palavra pertinente neste contexto e no âmbito mais alargado da obra de Samyn, preocupada com as marcas existenciais de tempos passados, presentes e futuros. A série, composta por quinze pinturas que representam a luminosidade decrescente do crepúsculo, capta um momento efémero de mudança.
O título revela outro tipo de verdade ambivalente: a bela arquitetura dos pássaros está no seu ponto mais visível quando estes estão mais vulneráveis, ou seja, no inverno; da mesma forma, as árvores desenham-se contra o pano de fundo da escuridão iminente, quando o dia se transforma em noite.
A passagem do visível para o invisível traz uma claridade insuspeita. (…).
Joana P. R. Neves (excerto do texto da folha de sala)
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