Jacinto Rodrigues transporta consigo 60 anos de pensamento e prática ecológicas. Para podermos desfiar uma tão longa memória, convidámos também José Carlos Costa Marques, presidente da Associação Campo Aberto, o único ecologista no activo com um percurso tão longo e diversificado quanto o de Jacinto Rodrigues. Adivinha-se, pois, uma conversa empolgante, não só sobre o passado do movimento ecologista independente, mas também sobre o presente e o futuro.
Ambos - Jacinto Rodrigues e José Carlos Marques - se exilaram nos anos sessenta. É no exílio que descobrem as primeiras manifestações do ecologismo em França e noutros países, onde a questão «já existia» para uma franja de jovens inquietos. Carlos Marques será, depois, uma figura essencial da acção e da edição ecologistas no nosso país. Jacinto Rodrigues, por seu turno, fará estudos de Sociologia e Urbanismo com nomes como Raymond Aron, Bourdieu, Françoise Choay, Yves Lacoste, Henri Laborit, etc. Atravessará a experiência do Maio de 68, tendo regressado a Portugal, em 1975. Radicado no Porto, porá em prática nas Escolas Superiores de Belas-Artes e na Faculdade de Arquitectura notáveis experiências de utopia vivida no âmbito da sua actividade com os estudantes. Datam desse período os belos cadernos colectivos que a Exclamação em boa hora reeditou em 2021: «Utopia, Espaço e Sociedade» e «Ecologia». Para além disso, Jacinto Rodrigues escreveu inúmeros estudos sobre a Utopia ecológica em diversos contextos sócio-geográficos, tendo também dedicado estudos pioneiros sobre figuras heterodoxas como Wilhelm Reich (é dele o mítico «Viva Reich», Afrontamento) e o Padre Himalaya, pioneiro da energia solar («A Conspiração Solar de M.A.G. Himalaya», Ed. Árvore).
Estão todos convidados a este reencontro com a ecologia mais sustentada, mais utópica e mais necessária! Festa de Magusto no final.