A construção de “Spillovers” parte de “Lesbian peoples: material for a dictionary”. Escrito em 1976 por Monique Wittig e Sande Zeig, trata-se de um dicionário para amantes que procura desenhar os contornos de um léxico emocional, sensorial e político.
Rita Natálio constrói uma releitura fabulada desta obra icónica do feminismo lésbico, sob a forma de uma conferência a várias vozes onde se aborda um glossário transfeminista atual em diálogo com a memória deste livro. Spillovers são amantes ou talvez estados transitivos da identidade, convocam o corpo, o erotismo e a experiência somática para a criação de alternativas para problemas ecológicos atuais e, eventualmente, para a produção de água.
O Batalha coproduz esta performance-filme (cruzada com o ciclo de cinema Contra-Fluxos), que Rita Natálio desenvolveu, de forma coletiva e cumulativa, com colaborações de diferentes spillovers: Alina Ruiz Folini, com quem iniciou o projeto e desenvolveu as partituras coreográficas, Josefa Pereira e Ves Liberta na performance e texto, Liz Rosenfeld com contribuição fílmica, Aline Belfort na dimensão audiovisual, Odete na música e canto, Náara Saturnino na experimentação com roupas, depoimentos do bailarino Eríc Santos, de multi artista não binárie Lui L'Abbatte e da ativista indígena e psicóloga Geni Núñez, uma peça Kaibô de Amanda Silva e Margot Silva, além de toda uma rede de iconografias e textualidades que transbordam as cosmovisões desta comunidade inventada.