Curadoria: David Revés
Profanar corpos e objetos; profanar imagens ideais e edifícios glorificantes; profanar o Tempo, profanar a História. Roubando o título ao livro de Giorgio Agamben, Profanações reclama um território constelar que agencie movimentos capazes de promover um questionamento acerca de certos mecanismos de poder, estruturas de dominação des corpes e des mentes, regimes de moralidade, hábitos domesticadores, identidades normalizadoras e hierarquias imóveis, lugares e espaços expectáveis.
Pretendendo igualmente contribuir para avaliar alguns dos critérios de hiper-racionalidade e controlo que têm conduzido o chamado Progresso Histórico, assim como muita da maquinaria de mobilização cinética sob a qual as sociedades se têm orientado, nesta exposição reúnem-se gestos que se afirmam enquanto forças emancipatórias perante dispositivos de previsão, rigidificação e homogeneização da experiência. Da mesma forma, convocam-se imagens, materialidades e subjectividades continuamente renegadas, lateralizadas, escondidas ou consideradas transgressoras, sujas e dissidentes.
Em Profanações caminharemos ao redor de obras que se situam entre o transcendente, o telúrico, o macabro e o visceral, apresentando propostas originadas num diálogo íntimo com a religião, bruxaria, esoterismo, alquimia, ritualismos, ficção especulativa, ecologia, práticas feministas ou subjectividades e materialidades queer. Cruzando-se com estas, encontraremos também perspetivas que visam uma relação mais livre e liberta de tabus com a sexualidade ou alguns estereótipos conotados com universos próximos da pornografia.
Em tudo isto haverá, contudo, uma sensação latente: a que toma a Carne, a Matéria e a Terra — e todas as suas pulsões, metamorfoses, paixões, insídias, tumultos, ciclos de vida e de morte — como forças potentes, radicais e absolutas.
Fonte: https://www.culturgest.pt/pt/programacao/profanacoes-territorio/?