Curadoria: Ampersand
“Eu tinha aspirado a ser pintor… Mas por volta da época em que entrei na escola de arte, ficou de certo modo claro que isso não ia acontecer. Eu gostava de narrativa, de filmes de série B, do génio obscuro da má arte e de cinema de baixo orçamento… [O filme Two Faces Have I] veio provavelmente desse recanto intuitivo da minha alma de pintor. Nas poucas vezes que o vi, nunca acreditei que a versão jovem e chico-esperta de mim que o realizou pudesse saber que algo nele me transcendia. Tem a tristeza animista de tudo o que tentávamos fazer, daquilo para que trabalhávamos arduamente e que viríamos a abandonar.”
– Inga, 2023, sobre a obra de Chris Langdon
A exposição Two Faces Have I faz orbitar trabalhos de Jana Euler, Pati Hill e Sylvie Fanchon em torno dos filmes de Chris Langdon, “o mais importante realizador desconhecido da história da vanguarda de Los Angeles”. Retirado de um filme de Langdon, o título da exposição poderia também referir-se às suas duas apresentações (Lisboa/Porto), às múltiplas vidas dos seus protagonistas, ou ao gesto transformador através do qual uma coisa se pode transformar noutra, especialmente quando colocada nas mãos de qualquer um destes artistas.
Combinando imagens estáticas e em movimento e sons de pessoas mortas e muito vivas, a exposição foi pensada como a apresentação de quatro exposições individuais numa só, numa abordagem nada incomum na atividade da Ampersand, em Lisboa, nos últimos sete anos.
"Quando gostamos muito de uma coisa, ou de alguém, é difícil fazer o que quer que seja, para além de gostar dela."
- Chris Langdon
“Viva o [aspirador] e a sociedade que deseja, como o gato, lamber-se e limpar-se.”
- Pati Hill
Ampersand – uma plataforma artística que inclui, mas não se limita à conceção de exposições - foi fundada pela editora Alice Dusapin e pelo artista Martin Laborde em Lisboa, em 2017. Two Faces Have I é comissariada pela Ampersand com Justin Jaeckle.
Fonte: https://www.culturgest.pt/pt/programacao/territorio-5-two-faces-have-i-porto/?