A senhora cor de rosa a que o título desta escultura se refere está sentada numa posição que permite estabelecer um imediato diálogo visual com o observador. Simultaneamente atrativa e perturbante, esta peça é marcada pelo artificial cor de rosa estridente e pela sua aparência inacabada e mutável: mulher e mobiliário parecem ter começado a dissolver-se, prestes a abandonar o estado sólido, situados num lugar impossível, entre o momentâneo e o permanente. “Untitled (Pink Lady)” [Sem título (senhora cor de rosa)] ilustra exemplarmente a predileção de Urs Fischer por processos de metamorfose e pela desfamiliarização de objetos correntes. Fischer cria peças que evocam os géneros historicamente associados à pintura e à escultura – o nu, a paisagem, a natureza-morta –, subvertendo esta aproximação às belas-artes através de uma irreverência em relação aos cânones estéticos e do recurso a materiais instáveis. Interessado na exploração dos processos de criação, manipulação, deterioração ou destruição das matérias, Fischer concebe trabalhos caricatos, aparentemente mal concretizados, que ignoram os protocolos do “bem-fazer”, e através dos quais ironiza a seriedade do discurso artístico e relativiza todos os conceitos que tradicionalmente atribuem valor à obra de arte.
Produção: Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea, Porto
Imagem: Urs Fischer, Untitled (Pink Lady), 2001. Col. Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, Porto. Aquisição em 2006. Fotografia: Filipe Braga.
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