“Engenho” está na fronteira entre um objeto inútil e um engenho funcional. De aparência ambígua, que recorda simultaneamente viaturas futuristas e engenhocas amadoras, este veículo construído com chassis em ferro, carroçaria em alumínio e mecânica automóvel, já chegou a ser confundido pela polícia de trânsito com um verdadeiro carro e o seu autor multado por estacionamento indevido.
O trabalho de Miguel Palma, que se divide entre a escultura e a instalação, interroga as ideias de progresso e de desenvolvimento tecnológico. O universo do artista alude ao automobilismo, à aviação e à engenharia civil e náutica, e traduz-se frequentemente em objetos de aspeto polido e industrial: máquinas reconhecíveis — aviões, carros, barcos — que desempenham ações absurdas ou que contrariam qualquer relação com as ideias de eficácia e de progresso. Palma adota uma estética aparentemente funcional que alia engenharia e invenções amadoras, retirando seriedade àquela disciplina e atribuindo solenidade a hobbies e a pequenas invenções.
A obra agora patente no Aeroporto Francisco Sá Carneiro foi originalmente apresentada na exposição “Imagens para os anos 90” (Fundação de Serralves, 1993). Foi depois exibida no átrio do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (no contexto de Lisboa’94 Capital da Cultura), no Projeto PLANO XXI / Portuguese Contemporary Art, Cinema & Music (Glasgow, 2000) e, entre outras, nas mostras “O mundo às avessas” (Culturgest, Lisboa, 2007) e “Serralves 2009 — A Coleção" (Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, 2009).
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