Estávamos em 2017 quando se tornou público o primeiro projeto de requalificação do quarteirão da Portugália, uma operação urbanística de grande escala e investimento, da qual se destacava a construção de uma torre vidrada com 60 metros de altura. Depois de forte contestação, não apenas à construção desta torre (com uma volumetria e materiais totalmente estranhos à tipologia do território envolvente), mas de um modo geral a este tipo de projetos megalómanos cujas consequências negativas para as comunidades envolventes são já conhecidas, os promotores procederam a uma reformulação da ideia inicial, que, em abril deste ano, foi objeto de parecer favorável por parte da CML. É certo que já não será construída nenhuma torre com 60 metros de altura no quarteirão da Portugália mas é fácil perceber que a grande maioria de críticas e objeções, que necessariamente ultrapassam a dimensão arquitetónica, mantêm a sua razão de ser no projeto agora reformulado. Note-se, desde logo, que mais uma vez a discussão e consulta públicas foram desprezadas, tendo a comunidade sido excluída do processo que culminou na elaboração de um novo projeto. Paralelamente, e se é certo que se deixou cair a torre vidrada de 60 metros, as vocações atribuídas ao futuro edificado confirmam o que já era problemático no projeto inicial. A construção de um hotel e outros apartamentos destinados a fins turísticos, a prevalência de espaços orientados para serviços e comércio e o reduzido número e tipologia das frações habitacionais, num quadro de desregulação e especulação imobiliária, a que acrescem deficiências estruturais no estacionamento automóvel e a carência de espaços verdes e de equipamentos coletivos na freguesia, são questões que já se identificavam no primeiro projeto e que porventura até se agudizam na reformulação agora aprovada. É sobre tudo isto que, no âmbito da candidatura da Arroios Base à JFA, queremos conversar, no sentido de tentar perceber o que pode ser feito para travar a concretização deste projeto, que muito beneficia uns poucos e enormes prejuízos acarreta para muitos. Com esse objetivo marcámos um primeiro momento de debate para a próxima quarta feira, dia 8, pelas 18h, na Associação RDA, sita no Regueirão dos Anjos, n.º 69, Lisboa. Respeitaremos todas as regras de segurança sanitária em vigor, garantindo o uso de máscara e o distanciamento adequado.