Debate “Quando a Arte é Queer” | Tiago Bôto & Wagner Borges | Telma João Santos | Joana D Água & Luiza Cascon Direcção artística: Rui Eduardo Paes e Maria do Mar Co-produção: SMUP, Cultura no Muro e Penha sco Quando o regresso do fascismo se declara por meio de uma escalada, em palavras e actos, da xenofobia, do machismo e da homofobia, não podem a música e as demais artes performativas outra coisa senão reivindicar para si a dimensão interventiva e de protesto que tiveram no passado. Nesse âmbito vimos assistindo em Portugal, muito particularmente, a uma multiplicação de projectos criativos que afirmam o direito à existência e à liberdade dos seus autores no que respeita à orientação sexual e à identidade de género. Norteado tanto por critérios estéticos quanto de activismo, o Queer Fest tem como propósito reunir alguns deles num mesmo evento que possa projectar essas vozes e marcar a sua diferença numa sociedade em processo de normatização / homogeneização pela negativa, cada vez mais cinzenta e opressiva. A perspectiva é interseccional, porque a luta do movimento queer é também a luta das mulheres, a luta contra o racismo, as lutas por melhores condições de habitação e trabalho, a luta pelo ambiente. Reunir no mesmo intervalo temporal tais práticas criativas é reconhecer não só os focos de resistência que se disseminaram pelo nosso país como também a ideia de que a arte outra coisa não é do que uma crítica e uma reinvenção da vida quotidiana. Promover uma é batermo-nos pela vida das pessoas, em conjunto. “QUANDO A ARTE É QUEER” (Debate com André E. Teodósio, Telma João Santos, Tiago Lila, Tiago Bôto, Wagner Borges, Joana D Água e Luiza Cascon. Moderação: Maribel Sobreira) O que é uma arte queer? O que faz dela queer: o autor ou o que ela mesma expressa? Uma arte, para ser queer, tem de ser de intenção, com intenção? Precisa de ter a queerness como mensagem? Precisa de ser panfletária, militante, activista? Será necessário, mesmo, ter mensagem? Pode uma arte ser queer sem que seja esse o propósito do artista? O que passa do autor para a obra no que respeita à sua condição queer, sem o dito ter plena consciência disso? Há pinceladas queer, movimentos coreográficos queer? A música de John Cage é queer só porque Cage era homossexual? O pop-punk de Tom Robinson não seria queer se ele não tivesse cantado “Glad to be Gay”? É mais queer a arte musical de Wendy Carlos do que era quando assinava como Walter Carlos? O queer na arte tanto pode ser explícito como implícito? Toda a arte queer é inerentemente confessional? E toda a arte queer é política? Sendo as duas coisas, quer isso dizer que é simultaneamente uma arte do privado e do público? TIAGO BÔTO & WAGNER BORGES: “TOUR DE FUCK” (vídeo) Dupla que trabalha «a procura de um pensamento mutável, transformável, não-estanque», sempre com o corpo no seu cerne, a de Tiago Bôto e Wagner Borges – ambos actores e encenadores – tem a crueza, a fuga ao sentimentalismo e a «urgência em fazer» como características de uma assunção do risco e do confronto que leva o público a «uma abertura de fissuras na dinâmica do pensamento e da acção». Sem magoar, porque se trata de representação, de teatro. Teatro queer, especificamente, neste caso com enquadramento em vídeo. TELMA JOÃO SANTOS (performance) Com formação em dança e em matemática, Telma João Santos vem desenvolvendo um trabalho performativo que combina a utilização de técnicas de improvisação do movimento com a aplicação de alguns aspectos da sua continuada investigação nas ciências exactas. Especialmente interessada em factores como “corpo-imagem”, “corpo-memória” e “corpo-identidade”, os seus conceitos de performance tornaram-se emblemáticos em Portugal do específico intervencionismo artístico queer. JOANA D ÁGUA & LUIZA CASCON (performance-concerto) «Música de dança e intervenção»: é assim que Joana D Água e Luiza Cascon apresentam o seu Plano V, associando música, pintura e performance. Feministas e queer, os espectáculos de «arte multidimensional" do duo têm como lema «dança & tesão na área» e como finalidade o que designa por "rabapower". É impossível ficar indiferente, é impossível não fazer a festa. «Dupla V no poder, nós somos o carnaval», mesmo quando, ou sobretudo, não é carnaval. Entradas No dia: 6 euros donativo recomendado (4 euros sócios SMUP e Cultura no Muro) RESERVAS FECHADAS * Os bilhetes das reservas que não forem levantados até uma hora e meia depois do início da sessão (18h00) serão disponibilizados para outras pessoas. Espaço com lotação limitada. Só poderão circular na Penha sco pessoas com bilhete ou devidamente credenciadas. Uso obrigatório de máscara. Apoio logístico Junta de Freguesia de Penha de França, Lisboa Apoios à divulgação ILGA Portugal, Clube Safo, Queer as Fuck, Colectivo Faca, APAV, Queer Lisboa, dezanove Banner: Elena Morales (Ilustraciones Zurdas)