Pássaro Macaco | Clementine | Dead Club | Judas | Venga Venga Direccão artística: Rui Eduardo Paes e Maria do Mar Co-produção: SMUP, Cultura no Muro e Penha sco Quando o regresso do fascismo se declara por meio de uma escalada, em palavras e actos, da xenofobia, do machismo e da homofobia, não podem a música e as demais artes performativas outra coisa senão reivindicar para si a dimensão interventiva e de protesto que tiveram no passado. Nesse âmbito vimos assistindo em Portugal, muito particularmente, a uma multiplicação de projectos criativos que afirmam o direito à existência e à liberdade dos seus autores no que respeita à orientação sexual e à identidade de género. Norteado tanto por critérios estéticos quanto de activismo, o Queer Fest tem como propósito reunir alguns deles num mesmo evento que possa projectar essas vozes e marcar a sua diferença numa sociedade em processo de normatização / homogeneização pela negativa, cada vez mais cinzenta e opressiva. A perspectiva é interseccional, porque a luta do movimento queer é também a luta das mulheres, a luta contra o racismo, as lutas por melhores condições de habitação e trabalho, a luta pelo ambiente. Reunir no mesmo intervalo temporal tais práticas criativas é reconhecer não só os focos de resistência que se disseminaram pelo nosso país como também a ideia de que a arte outra coisa não é do que uma crítica e uma reinvenção da vida quotidiana. Promover uma é batermo-nos pela vida das pessoas, em conjunto. PÁSSARO MACACO (concerto) Membro das bandas Panelas Depressão (como baterista) e Decibélicas (como trompetista), Kali tem em Pássaro Macaco o seu projecto a solo, dividindo-se entre os teclados, a voz e, claro, também a bateria e o trompete, numa perspectiva muito pessoal de uma música electrónica que está entre a pop e o experimental, em transição, trans. Paisagismos sonhadores e beats de dança convergem nos mesmos temas, uns voando pelo céu, outros cá em baixo, presos pela gravidade, mas saltando de galho em galho. CLEMENTINE (concerto) Antes um duo com Frankie Wolf (Shelley Barradas, antigo membro das bandas Vaiapraia e as Rainhas do Baile e Dirty Coal Train) e Lena Huracán (Helena Fagundes, em tempos envolvida em grupos femininos do Brasil como Biônica, Lava, Go Hopey e Las Dirces), as Clementine apresentam-se agora em trio, com o acrescento da Chris, mas seguindo as coordenadas de sempre. As que se enraízam no exemplo e no historial dos movimentos riot grrrls e queercore. Pós-punk com muita distorção de guitarra, praticado por mulheres. DEAD CLUB (concerto) O início de um novo projecto, de nome Violeta Luz, parecia indicar que Violeta Alexandre tinha deixado para trás aquele a que se dedicou nos últimos anos, mas não. Ei-la de regresso com Dead Club e com a persona Violeta Espectro, autora de um pós-punk electrónico queer (numas versões com o acompanhamento baterístico de Pedro Melo Alves e/ou Alix Sarrouy, noutras com o guitarrista João Silveira, como é agora o caso) que muites fãs foi conquistando. Se nunca a viram ao vivo, preparem-se, pois ela vai roubar-vos a alma. JUDAS (concerto) Cantautor que também é bailarino e actor, Judas vem impondo um projecto que está na intersecção da música de dança electrónica, do hip-hop e da soul, numa queerização das referências de base africanas que, em Portugal, ainda constitui novidade. E pelo que os seus videoclips demonstram, não se trata apenas de canções sobre a moda ou o Verão: a encenação, a cenografia, os figurinos, a maquilhagem, todas as componentes visuais que acompanham o canto e o movimento, têm uma notável dimensão iconográfica. VENGA VENGA (performance-concerto) A dupla de Denny Azevedo e Ricardo Don alia a música electrónica com a muito diversa cultura musical do Brasil, num espectáculo encenado e cenografado que procura o mais puro hedonismo e a sinestesia, com temas como a apropriação cultural, as migrações contemporâneas, a diversidade sexual e a asfixia urbana. De uma extravaganza queer e tropical se trata, pondo-nos a pensar enquanto mexemos os corpos, porque nenhuma revolução em que não seja possível dançar é coisa boa. Entradas No dia: 6 euros (4 euros sócios SMUP e Cultura no Muro) RESERVAS FECHADAS * Os bilhetes das reservas que não forem levantados até às 18h00 (início dos espectáculos) serão disponibilizados para outras pessoas. Espaço com lotação limitada. Só poderão circular na SMUP pessoas com bilhete ou devidamente credenciadas. Uso obrigatório de máscara. Apoio logístico Junta de Freguesia de Penha de França, Lisboa Apoios à divulgação ILGA Portugal, Clube Safo, Queer as Fuck, Colectivo Faca, APAV, Queer Lisboa, dezanove Banner: Elena Morales (Ilustraciones Zurdas)