Rosario Forjaz/ MWW_Made of WaLking WaLter: oficina do andar Propõe-se uma caminhada que seja um lugar de experimentação e representação partilhada. Será realizado em silêncio, será lento, síncrono, orientado e também não. Será aberto a uma dialéctica relacional do corpo com o lugar de permanência, descoberta, fuga, efemeridade, ludicidade. São convocados conceitos de deriva/permanência, sincronia/assíncrona, silêncio/escuta. Ao longo de um itinerário planeado pelo autor (mas não revelado na totalidade) os participantes são confrontados com ações variadas. Procura-se potênciar uma dinâmica relacional e reflexiva sobre a paisagem líquida de territórios específicos no centro histórico de Guimarães na permeabilidade em que as linhas de água desenham a vida quotidiana, a história e a cultura da cidade. Procura-se vestir o corpo na transitoriedade de caminhos urbanos em exercicios performativos de encontro, com desafios pessoais e colaborativos. Haverá momentos de circularidade e fluidez do movimento do grupo. Haverá interrupções, cruzamentos e paragem. A mobilidade tomará conta dos nossos passos mas, será através dos constrangimentos potenciados pelos lugares e acontecimentos do percurso que iremos deambular na fluida cadência vital da experiência sensorial. Cada corpo transporta um contentor de vidro. Um objecto frágil e vital. Um recipiente transparente e cheio de um líquido precioso. Para evitar que o líquido se perca há que encontrar o equilíbrio certo entre o passo, o impulso, os obstáculos e o afastamento necessário entre os outros que caminham à sua frente, atrás de si e com o qual se irá cruzar. Cada contentor será diferente mas semelhante no uso e na matéria de que é feito. Cada um com o seu corpo, a sua vulnerabilidade, o seu peso. Serão grupos de cor em movimento. Serão tingidos os líquidos acompanhando o percurso definido mas há riscos a percorrer e percalços a contornar. Momentos síncronos em movimentos lentos de corpos que se deslocam de um lugar de partida comum. Partimos juntos a conta gotas. Percorreremos os caminhos e nos cruzamentos das calçadas de pedra, nas janelas enfeitadas, nas mesas sentados, conversaremos com o linho, as margaridas ou as rendas tecidas e curtidas nas estórias do lugar. Cada um com seu sonho, cada qual como o afluente de um rio. Perdidos e achados seremos pensamento. Partiremos de manhã. Seremos a balada que se move entre a calçada, as casas e as gentes. Seremos fios de uma meada. Caminho em pé de flor, ponto de cruz em beija flor. Seremos como as flores na berma de uma estrada. O mapeamento inerente ao itinerário do gesto performativo na paisagem será documentado. A metodologia inerente à proposta prevê a materialização do processo e da acção em registos analógicos e digitais em forma de desenhos, fotografias, filmes, textos, bem como a participação em plataformas de redes sociais que possam surgir no Âmbito do Encontro Made of Walking.