A peça de Juliana Tavares, Metade da Lua, une a fantasia e a violência para falar do envelhecimento, da memória e da esperança. Inspirada em histórias reais, a peça discute a relação entre uma neta e uma avó que começa a perder a memória e tem de encarar as suas limitações com a doença de Alzheimer. O texto parte de uma experiência pessoal que se centra nas relações familiares e passa por temas como a culpa, a aceitação, a poesia e a loucura. Quais são os limites do nosso corpo? O que fica para além da memória? As personagens, Heloísa e Marisa, exigem uma mudança na percepção familiar, obrigam a inversões de papéis, mas, apesar de todas as dificuldades, é ainda possível conviver com sabedoria. Aqui, o encontro de duas gerações é exponenciado pela vontade de viver, pela gratidão de quem, um dia, cuidou e agora precisa de ser cuidada. Realidade e fantasia misturam-se na tentativa de questionar o que é envelhecer, o que é perder os sentidos do corpo e da mente e como é o desgaste de quem tem de cuidar. Metade da Lua é um resgate do passado, um gatilho para lembranças, traz à tona o riso e as lágrimas, enquanto vai ao encontro do maior poder de união, revelando-o: o amor.