Celebrando o Centenário do Armistício da Grande Guerra, este espetáculo constitui-se como um manifesto destinado a homenagear as vítimas de todos os conflitos armados.
Um poema teatral em que se propõe uma reflexão sobre a memória da guerra. Memória essa que se exprime no desdobramento da atriz (Rita Lello)/personagem em cena, interpretando uma polifonia de vozes que dão corpo à evocação de todas as da tragédia Antígona.
Ao escolher a voz de Ismena, a irmã sobrevivente de Antígona, como voz única desta narrativa, o dramaturgo José Watanabe escolhe pôr em cena não a heroína mas a pessoa, não a dimensão mítica mas a humana. Ismena encarna a memória viva da catástrofe, ela é a última testemunha, a sobrevivente, a voz que fica para contar uma guerra que nunca teria coragem para provocar. A ausência de heroicidade de Ismena aproxima-a do público. Como quem se senta na plateia, Ismena é a cidadã subjugada e obediente que ao mesmo tempo que cumpre as normas de um tirano é delas a vítima.
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