(entrada gratuita // Sala Sonae // de terça-feira a domingo) O Loops.Lisboa apresenta este ano três abordagens completamente distintas para a infinitude de significados que rodeiam o loop. Será este Uma filosofia? Uma crença? Um fluxo interior / exterior, composto por peças singulares / múltiplas? Ou simplesmente uma ferramenta de linguagem? As três propostas selecionadas, de entre as 236 submissões enviadas por artistas portugueses ou residentes em Portugal, apresentam caminhos singulares - porém unificados por um fio invisível, que percorre os caminhos de cada obra. . “The Falls”, de Nuno Cera, sugere uma interpretação da paisagem para estabelecer um loop interior; . “2017 personaloop_01”, de Tomaz Hipólito, traz uma performance encenada e editada para recriar a formalidade do loop em espaço real e virtual; e . “Delphine Aprisionada”, de Ricardo Pinto de Magalhães, monta um video-essay tridimensional, enquanto distribuído por camadas de interpretação e de narrativas literalmente simultâneas. Os protagonistas, ou os objetos a serviço das obras interseccionadas por esta ideia invisível, são também distintos. Podem eles ser a natureza monolítica e a sua relação com a forma; o artista a interpretar a si próprio, e a recortar-se dentro do loop que criou para si; e a emblemática atriz (e antecessora nas questões de gênero e seus papeis) Delphine Seyrig, paradoxalmente a lutar contra um aprisionamento. Os trabalhos expostos foram seleccionados por um júri composto por Irit Batsry, Alisson Avila e António Câmara Manuel. O prémio de 2.000€ do Loops.Lisboa será anunciado em Janeiro pelo júri de premiação constituído por Emília Tavares, Conservadora e Curadora para a área da Fotografia e Novos Media no MNAC; Jesse James, Diretor do Festival Walk & Talk Açores e Jorge La Ferla, Curador e Professor da Universidade de Buenos Aires. O LOOPS.LISBOA, que este ano realiza a sua terceira edição, é um dos únicos encontros das artes visuais no mundo dedicado exclusivamente à exploração das possibilidades do loop - um modelo essencial para a trajectória da imagem em movimento e para a história da arte que mantém até hoje a sua frescura e relevância. (Alisson Avila e Irit Batsry, diretores Loops.Lisboa) == SOBRE AS OBRAS SELECCIONADAS: == DELPHINE APRISIONADA de Ricardo Pinto de Magalhães Texto da submissão: "Não consigo deixar de pensar que Delphine Seyrig estava constantemente aprisionada nos seus filmes, em perpétuo cativeiro. Presa no tempo, espaço, memória, rotina, a certos lugares e muitos outros tipos de prisão. Este filme experimental/ ensaio áudio-visual tenta provar isso, sendo que, ao mesmo tempo, aprisiona ainda mais, talvez para sempre, neste filme, que também pode funcionar como um loop". * 2017 PERSONALOOP_01 de Tomaz Hipólito Texto da submissão: "Em '2017 personaloop_01' Tomaz Hipólito propõe um novo olhar sobre o loop questionando o seu conceito e noção de repetição. Neste vídeo, é possível alcançar um conjunto de possibilidades infinitas. A série persona é recorrente no trabalho de Tomaz Hipólito e a relação do corpo do próprio artista com um espaço confere uma escala relacional ao mesmo. Esta estrutura de mapeamento é produzida através da constituição de um léxico de gestos que, através do uniforme impessoal negro o despersonaliza. Para Tomaz Hipólito o ponto de partida do trabalho é o espaço e a experiência que o revela. Assim, num sistema loop - e dentro do qual são inseridas variações loop - a repetição existe, mas a experiência é diferente em cada um dos momentos. Nesta proposta é possível observar esta contínua pesquisa sobre o mapeamento do gesto. Se o espaço apenas existe quando ocupado, e que é o gesto que confere realidade ao espaço, neste exercício a experiência real é colocada em comparação com a experiência virtual. É um trabalho de uma série que desafia as definições da experiência de um espaço e da sua percepção. Em suma, um exercício limite". * THE FALLS de Nuno Cera Texto da submissão: "The Falls é um vídeo inédito que explora a passagem do tempo e a ilusão das cataratas. Dividido em três momentos, um exterior (vista da massa de água) e dois interior (dentro da parede da catarata), numa progressão de planos e de velocidades atinge-se a unidade da gota de água. Do macro para o micro, num ciclo continuo de tempo, de deslocação e de escalas. The Falls como peça simbólica, como fluxo de energia e de vida, do organizado para o caótico. As características pictóricas do movimento, da filmagem em slow motion e da cor, reforçam o estimulo retiniano e formal do vídeo. O formato vertical reafirma a força da gravidade e da sua energia que tudo atrai. The Falls sem principio nem fim".