Na próxima quinta-feira, dia 10 de Outubro, a partir das 17:30 horas, inauguro a exposição " René vs Naná ". Será no Trem Azul, em Lisboa (ao pé do Cais do Sodré). A exposição ficará patente até dia 10 de Novembro de 2ª a 6ª das 10h às 19h30, sábado das 14h às 19h30. Gostava de ter com a vossa presença. Bernardo RENÉ vs NANÁ - Eis o colossal combate onde é enfrentado o fantasma, o arqui-inimigo. Combate que não surtiu qualquer resultado conclusivo. Contudo foi um resultado visível de um combate do invisível. O único resultado possível é o que vos convido a ver, hoje, sob o carácter da matéria que esta forma vigorosamente exige. Estou a divertir-me. A desenhar. Pugilistas perturbados, cómicos? Deslocados, desenraizados ou esquizofrénicos? Ou então humanos que sofrem de simpaticose. O ponto de partida é um grupo de fotografias fabulosas, cheias de informação expressiva, que julgo serem do fotógrafo René MAESTRI, onde figuram pugilistas posando e que datam entre os anos 40 e 50. Das fotografias, de tão cénicas que são, poderíamos dizer que em tudo são teatrais, não fossem elas oriundas de uma realidade tão concreta de uma experiência de vida tão absorvente, aglutinante da existência humana. Se fossem arte seria um Realismo com pantufas de bronze. Sendo impossível distanciar a realidade-da-experiência da vida, o que na arte mais se aproximaria da realidade-da-experiência estaria talvez dentro da área da performance, em toda a sua envolvência corporal, mental e implicativa do sujeito. Sem dúvida que uma direcção procurada nos desenhos – estes sim, assumidamente teatrais – é humanizar a imagem que nos passa cada uma destas figuras de boxeador: deixando de ser unívoco boneco guerreiro, deixando de ser personagem tipo sem conflito de identidade e que tem apenas uma linha/direcção/sentido no seu objectivo, que simplifica assim a existência humana que tantas facetas e contradições tem. Humanizar também com humor, com o ridículo, o absurdo e por vezes o antagónico ou o fantástico, mostrando que a mente humana não é plana e que a negação pode fazer uma afirmação ser saudável através de um abraço sensível. Os materiais visíveis são comuns e antigos mas não se costumam juntar para este fim. No entanto ajustam-se bem a estas ideias de sobreposição, contraste e desencaixe (ou um diferente encaixe).