As eleições legislativas de Novembro de 2015 proporcionaram um quadro parlamentar complexo, no qual a direita coligada obteve mais votos do que qualquer outro partido, mas menos votos e mandatos do que o conjunto da esquerda. Daí resultou uma solução governativa inédita, sustentada por uma maioria parlamentar composta pelo PS, o Bloco de Esquerda, o PCP e os Verdes, que Paulo Portas descreveu desdenhosamente enquanto uma "geringonça". O termo converteu-se rapidamente numa denominação de uso comum, sinalizando a laboriosa e delicada configuração das alianças que suportam o XXI Governo constitucional, formado com a propalada ambição de "virar a página da austeridade" sem colocar em causa as regras de funcionamento da Zona Euro. Um ano depois, estamos em condições fazer um primeiro balanço dos seus resultados e alinhavar algumas perspectivas sobre os seus desenvolvimentos futuros. A Unipop propõe um debate acerca dos limites e possibilidades desta solução governativa, introduzido por António Louçã e Ricardo Pais Mamede, convocando problemas tão diversos como a reestruturação da dívida, a soberania nacional no contexto da integração Europeia, as relações laborais e a distribuição de riqueza, os serviços públicos e o crescimento económico. António Louçã (n.1955) é Historiador e Jornalista da RTP. Mestre em História Contemporânea, é autor de vários livros, entre os quais Negócios com os nazis. Ouro e outras pilhagens (Lisboa: Fim de Século, 1997), Hitler e Salazar. Comércio em tempos de guerra (Lisboa: Terramar, 2000), Do Muro das Lamentações ao Muro do Apartheid (Lisboa: Fim de Século, 2009) e Varela Gomes - Biografia (Lisboa: Parsifal, 2016). Ricardo Pais Mamede (n.1974) é Professor de Economia no ISCTE, tendo realizado o seu Doutoramento na Universidade Bocconi (Milão). Comentador habitual na RTP e co-autor do blog Ladrões de Bicicletas, é autor de vários livros, entre os quais O que fazer com este país? (Lisboa: Marcador, 2015) e A economia como desporto de combate (Lisboa: Relógio d'Água, 2016)