ARTHUR LUIZ PIZA, figura tão significativa do contexto artístico Brasileiro como Lygia Clark ou Sérgio Camargo, onze anos após a sua última mostra em Portugal. Tendo iniciado a prática artística na Gravura, desenvolvendo procedimentos e vocabulários próprios, Piza percorre um caminho onde a necessidade de utilizar a terceira dimensão depressa se torna evidente. Intitulada “contenção, dispersão”, a exposição apresenta uma reflexão do percurso de Piza interpretando esta dupla condição contraditória como resultado do encontro de dois contextos artísticos, o Brasileiro e o Europeu. A partir de 1957, manifesta-se no seu trabalho o conflito entre os impulsos da expressão livre do Informalismo e a organização estruturada de um método Construtivista, originando uma nova relação com o suporte da gravura. Na exploração desta condição a dimensão estética do trabalho de Piza tem ganho formas distintas que, mantendo uma relação conceptual e metodológica com os processos da gravura, questionam a relação com o espaço, suportes, materiais e aproximação às obras. Em “contenção, dispersão”, apresenta-se um conjunto de obras onde a espontaneidade da matriz é resultado de um ato de construção que, não deixando de ter uma origem ponderada e refletida, revela uma natureza casual. As obras implicam, assim, uma instabilidade que se encontra subordinada, tanto à sua vontade no momento de instalação, como à do espectador na sua descoberta, colocando-se o artista num plano reservado semelhante à omnipresença invisível.