Exposição coletiva: Carlos Alexandre Rodrigues | Carlos Menino | Catarina Lopes Vicente | Daniel Fernandes | Horácio Borralho | João Gabriel Pereira | Maria Bernardino | Rui Carreira | Samuel Rama Estamos longe do tempo em que o alemão Joseph Albers, já no Black Mountain College (1933-57), declarava aos seus alunos americanos: "When you’re in school, you’re not an artist, you’re a student". A verdade é que no percurso formativo de um artista os momentos de transição e as charneiras nunca coincidem com aquelas definidas no calendário das instituições – e do mercado. Há um momento onde, no trabalho de alguns alunos, surgem indícios de uma singularidade que já não é exatamente escolar. São ainda manifestações ténues, tão instáveis quanto persistentes, mas que sugerem já um ponto de vista sobre o modo de fazer arte. Trata-se de um espaço fértil em ligações cruzadas o que ali começa e que perdurará alguns anos, estendendo-se para além da escola. Nele os jovens autores encontrarão o seu próprio assunto, voz e modos de expressão, cabendo aos mais experientes o trabalho suplementar de identificar esses sinais, protegê-los e dar-lhes alento. Iniciativas como esta ajudam, precisamente, a repensar o olhar de cada um sobre o seu próprio trabalho e sobre os demais. Tanto no espaço público como no interior desse coletivo que não podia ser mais natural, uma vez que foram, todos eles, formados na mesma escola, a ESAD das Caldas da Rainha. Procure-se “ciclo de vida” no Google; o algoritmo sugerirá “…do produto”, terminando desse modo a expressão “ciclo de vida”. Parece relevante que a imagem do tempo da vida humana se tenha desembaraçado (ilusoriamente) da sua condição “natural”: nascer, crescer, maturar, declinar, morrer. Fazer essa experiência, ou seja tentar compreender essas ações sofridas, não convém ao mercado nem aos seus produtos (o mercado pretende abreviar ou então prolongar o "ciclo de vida"...). Perder essa experiência é perder um conhecimento e, naturalmente, perder a consequência que é, para a nossa vida, não ter adquirido esse conhecimento. A primeira consequência da aquisição desse conhecimento talvez seja não poder esquecer o corpo. Uma segunda e eventual consequência pode ser encontrada em Auden, e diz respeito à relação com a maturação de si próprio: “(…) between twenty and forty, the surest sign that a man has a genuine taste of his own is that he is uncertain of it.” A exposição pública pode ser um lugar para continuar essa maturação se não vier substituir as incertezas pelas certezas do mercado. Muitas condições têm de ser preenchidas para que isso aconteça. Uma delas é não fornecer nenhum texto ideológico ou crítico que enquadre e contenha, em si, estes movimentos de criação, convertendo-os em produtos. Philip Cabau e Fernando Poeiras