17:00 até às 23:00
Exposição A Rota e a Estadia :: Filipe André Alves

Exposição A Rota e a Estadia :: Filipe André Alves

A exposição "A rota e a Estadia" de Filipe André Alves inaugura o primeiro ciclo de exposições individuais que decorrerão ao longo do presente ano de 2016 no atelier e espaço expositivo Casa da Praia.

A ROTA E A ESTADIA de Filipe André Alves
Próximo sábado, dia 13 às 17h.

A rota e a estadia

“Toda a visão tem lugar algures no espaço táctil.“ (M.MERLEAU-PONTY; Le visible et le invisible, 1979, p.177)

O olho que procura, a mão que anseia.
Uma rota que depois de ser desenhada encontra o caminho e lugar para a permanência dos seus traços.
Um objecto riscador, princípio do desenho e da construção, um lápis, que é simultaneamente desenho e instrumento. Objecto que fixa, inscreve, faz perpetuar no tempo, o tempo.
Na dialéctica da proximidade com a mão e da distância do olhar, se constrói este “guia”; e neste retomar do objecto riscador como algo arcaico e eterno, devém, em sincronicidade, relógio e ponteiro que nos indica o tempo e no-lo conta.
Conta-nos o que nos resta e o que nos falta e desenha os restos. No fundo, um auxiliar de sobrevivência, o relógio é o que separa o pulso do futuro.
Uma plataforma segura, uma bóia de salvação, onde o espaço se constrói (estadia) e o tempo se desenha (rota).
Na tentativa de compor este Guia para o desaparecimento - acção de vigilância e supervisão de um percurso descoordenado levado a cabo por um objecto que se tenta esquivar – ensaia-se um mapeamento, um radar que emita todos os movimentos que gradualmente constroem a distância entre o observador e o objecto.
Este acto de ver, encontra o seu destino neste vai e vem da ausência, na perda e reencontro, culminando numa projecção táctil onde a subordinação do longínquo “que não se mostra senão para se mostrar distante, ainda e sempre, por muito próximo que seja o seu aparecimento” (W.BENJAMIN, Passagens, 2006, p.464) define a distância como componente fundamental da visão.
O olho, impotente, persegue com intuito de agarrar, poder atirar-se e ser salvo por algo que se perde na paisagem até se tornar, novamente, linha do horizonte. 




                                                                                   Andreia Santana, 
                                                                                     Fevereiro, 2016.
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