18:00 até às 20:00
seminário | Pensamento Crítico Contemporâneo e Natureza

seminário | Pensamento Crítico Contemporâneo e Natureza

Seminário | PENSAMENTO CRÍTICO CONTEMPORÂNEO E NATUREZA
 
15, 22 e 29 de Outubro e 5 de Novembro
Das 18h às 20h
 
Casa dos Amigos do Minho
(Rua do Benformoso, 244, Intendente, Lisboa)
 
Organização: Unipop e revista Imprópria
 
INSCRIÇÕES
Frequência do seminário + exemplar da revista Imprópria n.º 4 (inclui dossiê ‘Natureza’) – 10 euros
Sessão avulsa - 5 euros
 
O número de lugares está limitado ao espaço disponível.
 
A inscrição deve ser feita por transferência bancária, através do NIB 0035 0127 00055573730 49 (à ordem de Associação Unipop), seguida de e-mail com o comprovativo para cursopcc@gmail.com.
 

O que é a Natureza? Como se faz Natureza? Raymond Williams diz em 1980, num texto curto onde faz todavia o caminho longo, por mais de dois milénios, das ideias ocidentais sobre natureza, que «nos processos pelos quais interagimos com o mundo físico, criamos não apenas uma natureza humana e uma ordem natural alterada; também criamos sociedades». Para ele, se falarmos apenas do Humano e da Natureza singulares, podemos desenhar uma história geral, mas por omissão das relações sociais e em mutação. «Necessitamos de ideias diferentes sobre natureza por necessitarmos de relações diferentes.» Não podíamos ser mais claros. Karl Marx e Friedrich Engels, uns 130 anos antes, concebem este problema numa reflexão por eles rasurada no manuscrito de A Ideologia Alemã e que tem sido retomada em novas edições: «Conhecemos uma única ciência, a ciência da história. A história pode ser examinada de dois lados, dividida em história da natureza e história dos homens. Os dois lados não podem, no entanto, ser separados; enquanto existirem homens, história da natureza e história dos homens se condicionarão reciprocamente. A história da natureza, a assim chamada ciência natural, não nos diz respeito aqui; mas, quanto à história dos homens, será preciso examiná-la.» O campo está, portanto, em aberto.
 
A dessacralização da ideia de Natureza enquanto exterioridade biofísica intocada, não humana e prévia ao humano, junto da defesa de um natural construído socialmente, imbuído na história humana, introduz, ao lado de uma riqueza e densidade inédita e por tal espaço de experimentação socionatural e emancipatória, possibilidades óbvias de uma natureza puramente instrumental, cavalo de Troia para a expansão do valor e da apropriação. Há aqui vias de risco que não passam desapercebidas à ecologia militante e que, por sinal, tomam corpo na crítica da natureza feita por autores como William Cronon, Raymond Williams, Philippe Descola ou Viveiros de Castro. Este último autor expõe brutalmente o dilema ao terminar uma revisão da história ecológica da amazónia: «E, afinal, para dizê-lo de maneira crua, o fato de uma pessoa não ser mais virgem não autoriza ninguém a estuprá-la, não é mesmo?»
 
Programa

15 de Outubro
Natureza e Cultura
Apresentação do seminário, por Unipop
Ricardo Roque | «Ossos entre natureza e cultura»
Moderação/comentário: Inês Galvão
 
22 de Outubro
Natureza e História
Carlos Aguiar | «A Natureza da agricultura ou histórias da Agronomia»
Santiago Gorostiza | «Autosuficiencia Fascista? El sueño autárquico de la España de Franco»
Moderação/comentário: Miguel Carmo
 
29 de Outubro
Natureza Humana
João Manuel de Oliveira | «Agora somos todxs liquens – individualismo neoliberal, naturezacultura e precariedade nos feminismos do hífen»
Jorge Martins Rosa | «A falácia da Natureza»
Moderação/comentário: Frederico Ágoas
 
5 de Novembro
Antropoceno e Ecologia
Davide Scarso | «Pensar a natureza na época do Antropoceno»
André Dias | «O governo da natureza»
Moderação/comentário: Bruno Caracol
 
Oradores e moderadores
 
Ricardo Roque é investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e honorary associate no departamento de História da Universidade de Sydney.
 
Inês Galvão é doutoranda em Antropologia pelo ICS-UL, com uma investigação sobre poder e transformação social que procura cruzar os estudos do parentesco com política de género, a partir de uma etnografia histórica na Guiné-Bissau. É membro da Unipop.
 
Carlos Aguiar é licenciado e doutorado em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia. Desde 1987, é professor de Botânica, Ciência da Vegetação e, mais recentemente, de Sistemas de Agricultura Tropical na Escola Superior Agrária de Bragança. Há mais de 25 anos que se dedica ao estudo da flora e da vegetação e à ecologia de pastagens de Portugal continental e insular. Nos últimos anos, os seus interesses alargaram-se à história da agronomia e à agricultura tropical. Atualmente é presidente da Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens.
 
Santiago Gorostiza é licenciado em Historia e Ciências Ambientais. É candidato a doutoramento no projecto Marie Curie – ITN, European Network of Political Ecology. Tem investigado e publicado sobre a relevância da água em Madrid e Barcelona durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
 
Miguel Carmo é engenheiro do ambiente no Instituto Superior Técnico (MARETEC). Actualmente faz pesquisa em história agrícola e agroecologia no contexto do doutoramento no Instituto Superior de Agronomia.
 
João Manuel de Oliveira é investigador auxiliar no CIS-IUL do ISCTE-IUL, trabalha em estudos de género, teoria feminista e queer. Tem desenvolvido investigação sobre teorias feministas pós-estruturalistas, cidadania sexual, genealogias do género e teoria queer. Doutor em Psicologia Social pelo ISCTE, coordena a linha de investigação Género, Sexualidades e Interseccionalidade.
 
Jorge Martins Rosa é professor auxiliar no Departamento de Ciências da Comunicação da FCSH-UNL, leccionando actualmente os seminários de mestrado «Modos da Ficção», «Cibercultura» e «Cultura Pop».
 
Frederico Ágoas é sociólogo e investigador do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa (CICS-NOVA). É membro da Unipop.
 
Davide Scarso é doutor em Filosofia pela Universidade de Lisboa, tendo desenvolvido pesquisas a nível pós-doutoral no Centro de História das Ciências e da Tecnologia de Lisboa. Paralelamente ao estudo do pensamento de Maurice Merleau-Ponty, em particular nas suas conexões com as ciências sociais e a arquitetura, tem trabalhado nos últimos anos em torno das reconfigurações do binômio natureza/cultura operadas pela antropologia contemporânea. Actualmente é professor adjunto da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Curitiba.
 
André Dias é doutorando em Ciências da Comunicação/Cinema na Universidade Nova de Lisboa e professor de Som e Imagem na ESAD das Caldas da Rainha. Investiga as relações entre cinema e filosofia política.
 
Bruno Caracol é licenciado em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, frequenta o mestrado de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
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