QUI 25 a DOM 28 JUN - 21h30 Teatro do Bairro (Lisboa) DEMÓNIOS, de Lars Norén, enc. de Nuno Cardoso "KATARINA - Eu amo-te. Eu amo-te. Eu amo-te. Eu amo-te. Eu amo-te. Eu amo-te FRANK - Não quero ter-te na minha cama. Tu não podes dar-me mais nada a não ser dores de estômago. Hoje à noite vou dormir dez horas e amanhã vou mudar os móveis de sítio. Vai ficar maravilhoso e limpo e arrumado." Katarina e Frank vivem juntos há anos. O casal afunda-se num esquema de forças bem conhecidas: a maior parte das frases que pronunciam contêm um ataque mais ou menos subentendido, uma provocação que é um convite ao conflito. Assim, o carrossel começa a girar, nunca lento o suficiente para que uma das personagens possa sair, nem demasiado depressa para que o carrossel se destrua a si mesmo. Frank e Katarina, tal como Jenna e Tomas que moram no andar de baixo, têm consciência do seu estado, mas não têm força suficiente para o remediar. Esperam uma ajuda exterior que nunca virá. Esta é uma peça em tempo real onde acompanhamos a noite de convívio de dois casais na sua vertigem de confrontação. Revelações de emoções, provocações recíprocas, agressões, gritos, infidelidades, desejos de infidelidade. Todo o espectro da tensão escondida no aparente anonimato anódino do quotidiano de "pessoas normais" passa diante de nós implacável na crueza das palavras e dos gestos que se adivinham, num esplendor exibicionista, mistura de impudor e crueldade. E de repente a linguagem desvia este inexorável reality show, impõe-lhe uma espiral autista que mina o sentido das palavras, esgota os gestos e convoca a gravidade da morte e achamo-nos frente aos demónios que dão o nome à peça. Os nossos. "São quatro feras em cena e uma colecção de agravos que as personagens fazem umas às outras. Insultos espirituosos, denúncia de fraquezas alheias, confissão de desejos secretos, os demónios de cada um desfilam perante o olhar do público. Os demónios interiores, claro, mas algo mais: os demónios feitos carne e osso, encarnados por estes actores. (...) À medida que o espectáculo crescer, este curto-circuito electrizará as plateias. (5/5 estrelas)" - excerto de "Quatro diabos a quatro", crítica de Jorge Louraço Figueira, jornal Público de 16/06/2014 encenação: Nuno Cardoso tradução: Ricardo Braun cenografia: F Ribeiro desenho de luz: José Álvaro Correia elenco: João Melo, Micaela Cardoso, Pedro Frias, Joana Carvalho direcção de produção: Pedro Jordão produção executiva: Alexandra Novo direcção administrativa e financeira: José Luís Ferreira design gráfico: Drop.pt co-produção: Ao Cabo Teatro, O Cão Danado, CCVF apoios: Embaixada da Suécia, Anjos Urbanos Cabeleireiros agradecimentos: Gonçalo Vilas-Boas, Francisca Carneiro Fernandes, Josué Maia duração: 2h (sem intervalo) M/16 normal - 12.5 € <25 anos, >65 anos e trabalhadores do espectáculo - 7.5 € portadores do cartão de amigos do Teatro do Bairro - 5 € TEATRO DO BAIRRO - Rua Luz Soriano, 63 (Bairro Alto), 1200-246 Lisboa (Tel: 21 347 33 58) (o Ao Cabo Teatro e o Cão Danado e Companhia são financiados pelo Governo de Portugal e pela Direção-Geral das Artes)