Anos 20 do século passado, no atelier do pintor expressionista Otto Dix em Berlim. A figura que o pintor está a retratar é a da jornalista S. von Harden que, de cabelo curto, monóculo, cigarro na mão e discurso fluente, surge como ícone da mulher emancipada neste período de grandes transformações sociais, políticas e artísticas entre as duas grandes guerras.
Durante as sessões em que pousa para o pintor, a jornalista descreve o meio artístico da época, as relações tumultuosas entre os sexos e a sua vontade de transgredir normas e explorar outros modos de relacionamento e de vida em sociedade.
Será a imagem o espelho modelador da identidade do indivíduo e a fonte primária da sua identificação como indivíduo social? Na composição deste retrato, questionam-se as fronteiras da identidade e do género social e propõe-se uma nova forma de olhar, mais aberta e livre, que contemple também o que é misteriosamente fluido e não se deixa enquadrar nas molduras existentes.
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