Era uma vez duas pintoras musicando coisas de céu e de si numa espécie de tocata de tintas a quatro mãos.
Quem entrar e se permitir o prazer de observar encontrará seguramente, nesta exposição, dois perfis bastantes diferentes nas suas formas de expressão artística, mas absolutamente cativantes na rara abundância de telas que nos dão a saborear.
Saborear sim, e cativantes também, porque em ambas as autoras nos trava o travo de cada cor, ora detendo-nos na claridade mais pronunciada de uma, ora nos tons mais filtrados da outra.
Às vezes opostas na igual mestria quanto aos motivos que tratam e às técnicas que patenteiam, talvez seja exatamente por isso que tão bem se complementam e interagem ou que em tudo se faz de graciosa convivialidade o veio artístico das suas personalidades distintas.
Mais de exterior e de representação da natureza uma, mais de interior e de captação de objetos a outra, mais deste ou daquele ângulo: a caraterística comum a ambas é esse particular talento com que cada qual, nesta ou naquela perspetiva, através deste ou daquele toque, por esta ou por aquela razão, simultaneamente nos envolve, nos absorve, nos expande e nos fascina.
De modo que ERA UMA VEZ sintetiza as múltiplas vezes e as múltiplas maneiras pelas quais estas pintoras são tocadas pela inspiração dos instantes e com isso nos tocam em algum lugar de nós como que para sempre.- Texto de Jorge Tinoco -
Exposição de pintura com trabalhos de Alice Loureiro e Armanda Oliveira
