Nas peças curtas que compõem esta coletânea, Matéi Visniec – um dos mais interessantes dramaturgos contemporâneos – consegue, com o tom aparentemente casual de uma conversa quotidiana, tratar de alguns dos mais importantes temas sociais da atualidade e que dizem respeito à condição humana: o sentido da vida e da morte, o valor das coisas e das pessoas ou a tensão entre indivíduo e sociedade. Sem definição geográfica ou temporal, o que importa são as pessoas. O que inspira o dramaturgo, foi o que nos interessou a nós. Quem são as pessoas que vivem nos dias atuais? Em tempos democráticos, em que a liberdade de expressão parece ser o fundamento, o mundo deveria ser perfeito, não é? Partindo desta reflexão, o espetáculo dialoga com o teatro do absurdo, mas é assustadoramente atual. Mais do que há dez ou vinte anos atrás, algumas das situações se tornaram verossímeis. No mundo infindável das impossibilidades sociais, todos os dias somos confrontados com limites e linhas vermelhas que são ignoradas, ultrapassadas, colocadas em causa. E é neste contexto que o teatro (aparentemente) do absurdo, se torna local de resistência. O teatro enquanto ação e o teatro enquanto local, onde seres humanos se revêm, se provocam e se colocam numa situação de generosa comunicação. Sem ecrãs nem canais de fake news como instrumento de intermediação. Só nós. Gente, apenas, sendo gente. Só isso, já é um privilégio. — Escola Superior Artística do Porto
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