Hélio Morais é um músico cofundador das bandas Linda Martini e PAUS. Em paralelo, compõe e escreve música a solo. Pisaduras é o seu disco de estreia em nome próprio. Este é um disco sobre pisaduras; desde que se começaram a pintar na pele, até que foram desaparecendo. “Enquanto iam mudando de tom e cor, demorei-me a olhar para elas, a entender de onde vieram, porque vieram, como as sentia, o que significavam e como perdurariam na carne, ou não, mesmo depois de desaparecerem da pele. Durante o processo, partilhei-as. Ouvir-me alto, ter quem me ouvisse, acreditar num sentido de comunidade que escuta, acolhe, cuida e cura, foi o que me fez poder cantá-las agora. Hoje canto-as porque tive a sorte de ter crescido rodeado de ouvidos atentos. Tomar consciência delas, foi tomar consciência de mim, saber que não me poderia tornar seu refém. Não lhes fugir não significou romantizá-las. Pelo contrário. Assinalá-las, questioná-las e partilhá-las, foi o que me permitiu deixá-las para trás. Fazer um disco, este disco, trouxe-me a consciência de como estas pisaduras se tornaram passado. O Benke Ferraz, a LUMANZIN, o Toca Ogan, o Djalma Rodrigues, o Guilherme Kastrup, a ÀIYÉ, a Cláudia Guerreiro, o Filho da Mãe, LARIE, o Miguel Ferrador, a Rita Onofre e o Edgar Valente, foram os ouvidos e as vozes que me ajudaram a fechar esta viagem. No passado tiveram outros nomes e foram igualmente ouvidos, voz e cura. Hoje celebro todas estas pessoas nas minhas pisaduras – as da vida e as deste disco.”