Amália & Orquestra por Cuca Roseta 3 de Novembro, Culturgest
Cuca Roseta nunca escondeu o seu grande amor pela voz e pela obra de Amália Rodrigues. Foi a ouvir Amália que Cuca Roseta se descobriu fadista, foi a cantar o seu reportório que encontrou a sua própria voz. E foi por isso que, num gesto de sentido agradecimento e assumida filiação, gravou em 2020 o álbum Amália por Cuca Roseta, tendo percorrido os palcos com as suas tocantes e magnificas interpretações de temas como “Lágrima”, “Ai Mouraria”, “Estranha Forma de Vida”, “Barco Negro” ou “Com que Voz”. Mais do que uma homenagem à intérprete maior do fado, Cuca Roseta assinava um profundo agradecimento pessoal à artista que, pela infatigável procura pela excelência e pela liberdade artísticas, ganhou um lugar de absoluto destaque no seu caminho, tornando-se desde cedo na sua maior referência. Foi a cantar “Novo Fado da Severa (Rua do Capelão)”, do reportório de Amália, que a voz de Cuca Roseta rompeu o anonimato e se elevou para um ponto de reconhecimento que, desde então, não parou de escalar. E desde então, desse emblemático momento incluído no histórico filme Fados de Carlos Saura, Amália esteve sempre por perto, surgiu sempre nos seus concertos, como se Cuca Roseta fizesse questão de lembrar e de localizar a sua raiz no fado, mas também de sublinhar a admiração pela voz que levou o fado mais longe e lhe permitiu ser um substantivo muito mais abrangente. Amália foi, em cada etapa, uma espécie de candeia a alumiar o percurso que Cuca ia inventando para si, construindo a sua própria visão do fado e o seu próprio reportório. Como é habitual no percurso de Cuca Roseta, a fadista só aceitar colocar na sua voz as histórias com que se identifica por completo e que lhe permitem, por isso, contar-se e cantar-se a si mesma. E assim se explica também que Cuca Roseta aborde estes fados com tamanha expressividade e autenticidade, apenas descobrindo como cada um destes versos pode soar à sua mais pura e inteira verdade. No fundo, Cuca reclama para o seu canto os poemas que cartografam a sua vida, dentro e fora da música, enquanto cantora e enquanto mulher. Agora, depois de aprofundar essa intensa relação com a obra de Amália no álbum Amália por Cuca Roseta - reivindicando tanto os fados como as marchas populares, tanto o mais íntimo dramatismo como a mais contagiante exuberância, a fadista volta a essa sua referência nuclear para uma noite única e inesquecível na Culturgest, uma das mais prestigiadas salas lisboetas, onde os grandes clássicos de Amália se escutarão com todo um novo fulgor em versões orquestrais, asseguradas pela Orquestra do Algarve. Em palco, Cuca Roseta cantará metade do concerto acompanhada pelo seu habitual trio de fado, juntando-se a orquestra, com arranjos inéditos escritos para a ocasião, durante a segunda metade do espectáculo. A receita reverte para a Fundação Amália Rodrigues, a fim de contribuir para a preservação da obra e do espólio de uma das vozes maiores do século XX. O concerto conta com o apoio especial da Caixa Geral de Depósitos e da EGEAC. À sua maneira, e da forma que melhor sabe, também Cuca Roseta contribuirá para a preservação da obra de Amália - cantando-a como um reportório vivo e actual, eterno e imaculado.