"Um dia, um lobo andava a vaguear no monte, quando viu, no cimo de um pinheiro, um mocho, sentado no ninho. O lobo enroscou o rabo à volta do pinheiro e disse bem alto que o ia serrar. Lá em cima, o pobre mocho dizia: -Ó compadre! Não me serres o pinheiro... ou os meus filhinhos caem e morrem... O lobo respondeu: -Anda, anda cá abaixo que eu quero dar-te um recado. O mocho descuidou-se, desceu do ninho... e o lobo agarrou-o com os dentes e meteu-o na boca!" Na boca de um lobo muito bobo, viajaremos, bem aconchegadinhos, até às profundezas da floresta. Lá, encontraremos uma raposa gaiteira, devoradora de sardinhas, um mocho sabichão de bom coração e um corvo-tenor que é bom cantor. Para embelezar a viagem, levaremos o nosso grande poeta Bocage. Será uma viagem Contam que certa raposa, Andando muito esfaimada, Viu roxos, maduros cachos Pendentes de alta latada. De bom grado os trincaria; Mas sem lhes poder chegar, Disse: - “Estão verdes, não prestam, Só cães os podem tragar”. Eis cai uma parra, quando Prosseguia o caminho; E crendo que era algum bago, Volta depressa o focinho.